Como o Corpo Responde às Mudanças de Temperatura
As reações físicas e emocionais que sentimos diante de temperaturas extremas são mais complexas do que muitos imaginam. Essas sensações não são meras queixas, mas sim reações naturais do corpo humano, com explicações científicas por trás delas. Quando enfrentamos calor excessivo ou frio intenso, nosso organismo ativa mecanismos de defesa. Por exemplo, transpirar ou tremer são formas de sinalizar que a homeostase, o equilíbrio interno do corpo, está comprometida.
Em condições normais, o corpo humano opera a uma temperatura média de 36,5 °C. Contudo, quando essa temperatura ultrapassa os 42 °C ou desce para menos de 30 °C, os órgãos vitais começam a falhar, colocando a vida em risco. Essa vulnerabilidade é explicada pela presença de sensores de temperatura distribuídos pelo corpo, cuja concentração e sensibilidade variam entre indivíduos. Isso ajuda a entender por que algumas pessoas sentem mais frio em áreas como o pescoço, enquanto outras percebem essa sensação nos ouvidos, mesmo sob a mesma temperatura, segundo especialistas.
Os Efeitos do frio Extremo no Organismo
À medida que as temperaturas caem, o corpo humano apresenta uma série de reações, incluindo fadiga, lentidão nas respostas e redução da frequência cardíaca. A respiração também pode se tornar dificultosa. Curiosamente, é observado que as mulheres, tendendo a ter menos massa muscular do que os homens, costumam sentir mais frio, com uma composição muscular média de 25% em comparação aos 40% dos homens.
Além disso, o frio pode enfraquecer o sistema imunológico, já que o corpo utiliza mais energia para manter a temperatura, tornando-se mais suscetível a doenças. A permanência em ambientes fechados e lotados também aumenta o risco de transmissão de vírus e bactérias. Em situações de frio extremo, a hipotermia pode se instalar rapidamente, levando a sensações de queimadura, amnésia e até perda de consciência. Pesquisas indicam que uma temperatura interna de 23 °C pode ser crítica, levando à falência de órgãos.
Impactos Psicológicos das Temperaturas Fracas
Regiões onde o inverno e o outono são marcados por temperaturas rigorosas e dias curtos podem impactar a saúde mental. O transtorno afetivo sazonal (TAS) é uma condição que pode surgir nessas circunstâncias, resultante da baixa exposição ao calor e à luz solar. Essa situação modifica substâncias químicas que regulam o humor, o sono e o ciclo biológico.
Os sintomas incluem sensibilidade excessiva à luz, aumento do apetite, especialmente por carboidratos, e oscilações nos níveis de neurotransmissores, como a serotonina. Nas regiões do Hemisfério Norte, onde os invernos são prolongados, muitas pessoas podem enfrentar esses desafios por quase seis meses a cada ano. O transtorno afeta predominantemente mulheres, com uma proporção de um homem para cada quatro indivíduos impactados. Para o diagnóstico, é necessário que os sintomas tenham sido observados durante as estações frias por dois anos consecutivos.
Em resposta a esse problema, terapias de luz têm se tornado populares em alguns países do Hemisfério Norte. Essas terapias utilizam lâmpadas artificiais para compensar a falta de luz solar, estimulando o hipotálamo, que desempenha um papel crucial na regulação do relógio biológico. Medidas preventivas, como praticar esportes, meditar e aumentar a iluminação em casa, bem como buscar climas mais quentes nos fins de semana, podem ser eficazes no combate ao TAS.
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Os Desafios do Calor Excessivo
Por outro lado, a exposição prolongada ao calor intenso, seja em uma praia exótica ou no ambiente de trabalho, pode resultar em uma série de problemas de saúde, incluindo dores de cabeça, tonturas, desmaios e exaustão. Para mitigar esses efeitos, é essencial procurar ambientes frescos, permanecer à sombra e manter uma hidratação adequada para reposição de eletrólitos perdidos pelo suor. Em condições normais, o corpo humano elimina aproximadamente 2,5 litros de água diariamente através da transpiração, respiração e urina, e essa quantidade aumenta com o calor.
Embora as orientações sobre como lidar com o calor possam parecer simples, nem sempre são eficazes. Ventiladores, por exemplo, podem agravar a situação em condições de calor extremo, pois eles tendem a dispersar ar quente em vez de proporcionar alívio, conforme indicado por estudos científicos.