A cantora pop taylor swift, reconhecida mundialmente como uma das artistas mais influentes da atualidade, manifestou seu apoio à candidata democrata Kamala Harris logo após o debate presidencial ocorrido na terça-feira, 10 de setembro. Essa declaração de apoio acionou uma série de questionamentos sobre a real influência que celebridades exercem nas eleições dos Estados Unidos, especialmente sobre o engajamento dos jovens eleitores.
Embora seja difícil quantificar o impacto direto que tais apoios têm na quantidade de votos, existem indicadores que sugerem uma forte conexão entre a música pop e a participação política. Um exemplo emblemático é o aumento significativo de acessos ao site vote.gov, que fornece informações sobre como os cidadãos americanos podem se registrar para votar. Após o anúncio de swift, o site registrou impressionantes 405.999 visitas em um intervalo de 24 horas, um salto considerável em comparação com a média de 30 mil acessos diários que o site atraiu no início de setembro. Especialistas acreditam que esse crescimento reflete uma nova onda de interesse político entre os jovens, que se sentem motivados a participar do processo eleitoral.
Por outro lado, o candidato do Partido Republicano, Donald Trump, também conta com o respaldo de diversas figuras públicas, entre elas Jon Voight, Dean Cain, Kelsey Grammer, e os cantores country Billy Ray Cyrus e Kid Rock. No universo do hip-hop, artistas como Kanye West, Lil Pump e Azealia Banks também manifestaram seu apoio ao ex-presidente, reforçando a ideia de que a política nos Estados Unidos muitas vezes se entrelaça com a cultura pop.
Além de taylor swift, Kamala Harris conquistou o apoio de um vasto leque de artistas influentes, incluindo Viola Davis, Oprah Winfrey, George Clooney, beyoncé, Olivia Rodrigo, John Legend, Demi Lovato, Jamie Lee Curtis, Ariana Grande, Barbra Streisand e Mark Hamill. Embora o efeito de uma celebridade nas urnas possa parecer pequeno à primeira vista, a relevância desses apoios se cristaliza na capacidade de mobilizar o eleitorado jovem.
Conforme salienta Michele Ramsey, professora associada de Artes e Ciências da Comunicação, os jovens eleitores demonstram uma desconfiança em relação a instituições tradicionais e preferem se inspirar em figuras que admiram e idolatra. Este fenômeno é particularmente intrigante em um contexto político em que a obrigatoriedade do voto não existe, ao contrário do Brasil, tornando fundamental para os candidatos trabalharem arduamente para envolver a jovem geração nas eleições.
Historicamente, a participação de eleitores jovens nos pleitos americanos é considerada baixa. Em 2016, apenas 39% dos eleitores entre 18 e 29 anos participaram da eleição presidencial. Entretanto, em 2020, esse número subiu para 50%, mostrando um progresso notável e um aumento no interesse político entre essa faixa etária. O fenômeno taylor swift, ao gerar centenas de milhares de acessos ao site do governo em um único dia, demonstra seu poder de mobilização e a capacidade de engajar os jovens eleitores.
Na mesma postagem de apoio a Kamala Harris, taylor swift fez questão de alfinetar o candidato a vice-presidente pela chapa republicana, J.D. Vance, destacando uma interação acirrada entre celebridades e políticos. A artista, enquanto se posicionava claramente, ainda utilizou um humor sutil ao assinar sua postagem com a expressão “Childless Cat Lady”, referindo-se a um estereótipo alimentado por comentários desprezíveis feitos por Vance.
De acordo com uma pesquisa realizada pela YouGov, os jovens são os mais propensos a se identificarem como grandes fãs de taylor swift. A pesquisa revelou que 8% dos entrevistados afirmaram que o endosse da cantora os tornaria mais inclinados a apoiar a candidata preferida por ela. Além disso, após o apoio de swift, o grupo “Swifties for Kamala” reportou uma impressionante elevação de 960% nas atividades de registro de eleitores e nas doações para a campanha de Harris nas primeiras 24 horas.
As campanhas eleitorais, cientes do poder de influência dessas celebridades, procuram maximizar seus apoios de maneira criativa. Enquanto Donald Trump frequentemente traz artistas para seus comícios e os engaja nas redes sociais, a campanha democrata se empenha em capitalizar a popularidade dos artistas. Produtos, como pulseiras da amizade inspiradas na canção “You Are on Your Own, Kid”, foram lançados rapidamente, e venderam-se em menos de 24 horas, demonstrando com eficiência o apelo da militância jovem. Assim, a intersecção entre cultura pop e política continua a moldar o cenário eleitoral nos Estados Unidos, evidenciando que a influência de artistas como taylor swift vai além da música e adentra as esferas da mobilização social e política.