Como Encarar o Fim de uma Amizade Colorida

O entendimento inicial era simples: sem rótulos ou cobranças, apenas prazer. A amizade colorida se desenvolvia de forma leve e descomplicada — até que um dia, um dos dois surge ao lado de alguém, agora oficialmente rotulado como namorado ou namorada. E você, que não ocupava um papel definido, se vê envolto em uma tempestade de emoções que não estava preparado para enfrentar.

Mas por que essa dor é tão intensa, mesmo que nunca tenham sido um casal “de verdade”? Em entrevista ao Metrópoles, a sexóloga Alessandra Araújo esclarece que o corpo humano não faz uma separação tão clara entre prazer e apego. Contudo, é possível utilizar essa dor como um impulso para um recomeço mais saudável.

Sexo Casual e Apego Emocional: A Conexão que Surpreende

A relação que se inicia com a promessa de ausência de envolvimento pode, surpreendentemente, impactar o emocional de forma significativa — e isso possui justificativa científica. Durante o ato sexual, o organismo libera uma combinação poderosa de hormônios e neurotransmissores, com a ocitocina ganhando destaque como o “hormônio do amor”.

“Esse hormônio gera uma sensação de conexão, confiança e segurança”, explica Alessandra. Quando essa experiência acontece com alguém que já é um amigo, o cérebro pode interpretar essa mistura como um sinal de um vínculo mais profundo. “É como se a amizade fosse a base e o sexo, o cimento que une tudo”, complementa.

Quando o Outro Encontra um Novo amor

Segundo a sexóloga, perceber o ex-parceiro se relacionando com outra pessoa pode provocar um luto inesperado. “É comum sentir que se perdeu não apenas um amante, mas também a amizade em sua essência”, observa. Essa situação traz à tona uma sensação de frustração, que pode surgir por diversas razões: expectativas não ditas ou a comparação com a nova pessoa. “Não se trata somente de ciúmes, mas da sensação de perda de espaço emocional, de conexão e de rotina partilhada”, conclui.

Então, surgem os questionamentos: “O que essa nova pessoa tem que eu não possuo?” ou “Ele realmente nunca teve sentimentos por mim?” Alessandra alerta que essas indagações são normais, mas não necessariamente construtivas. “O mais saudável é refletir sobre o que essa relação despertou em você e não focar no que ela se tornou para o outro”, afirma.

Gerenciando Emoções: Ciúmes e Frustração

O primeiro passo para lidar com essas emoções, conforme Alessandra, é validar o que você está sentindo. “Sentir ciúmes ou tristeza não significa que você é fraca ou dependente; é um sinal de que você se envolveu de alguma forma”, explica. Reconhecer isso sem se autoculpar já representa um grande avanço no processo de aceitação.

Na sequência, é hora de redirecionar o foco: evite acompanhar a vida do ex-parceiro nas redes sociais. “Fuja de conversas íntimas e invista seu tempo em novas amizades, hobbies e em seus projetos pessoais”, sugere a especialista.

Comunicação ou Distanciamento: O Que Fazer?

A sexóloga propõe que dialogar com o amigo sobre seus sentimentos pode ser uma boa alternativa, desde que feito de maneira madura. “A conversa deve ser sobre o que você está vivenciando, e não uma tentativa de reconquistar ou provocar culpa”, adverte. Se a proximidade se revelar excessiva, um afastamento temporário pode ser necessário para cuidar de si. “Não é preciso romper de vez, mas dar espaço para que a ferida tenha tempo de cicatrizar”, enfatiza.

Adotando Novas Atitudes para Menos Dor

Algumas ações práticas podem facilitar esse processo de desligamento, conforme Alessandra sugere:

  • Estabeleça novos limites: Se a amizade continuar, que seja em novas bases — sem dormir juntos, flertar ou compartilhar intimidades desnecessárias.
  • Foque em você: Direcione sua energia para sua carreira, saúde, amizades e estudos.
  • Abra-se para novas pessoas: Conhecer novas conexões pode ajudar a reorganizar seu emocional.

Reflexão e Aprendizado: Lições de uma Relação Dolorosa

Por fim, Alessandra sugere um exercício de reflexão: o que você realmente buscava naquela relação? Quais sinais você pode ter ignorado? Quais limites foram ultrapassados? Cada experiência, mesmo as que geram dor, traz ensinamentos valiosos. A lição mais importante pode ser a de comunicar suas expectativas e proteger sua saúde emocional. “No fim, o sexo pode ser casual, mas seu coração não deve ser tratado como descartável. Ele merece respeito — assim como você”, conclui a especialista.

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