Investigações Revelam Irregularidades na Contratação da Millennium Eventos
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) fez um pagamento de R$ 3,5 milhões para a Millennium Eventos, que está no centro de uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) por suspeitas de desvio de emendas parlamentares. A Millennium foi escolhida pela CLDF para prestar serviços de planejamento operacional, apoio logístico e montagem de infraestrutura, além de fornecer mobiliário e layouts para o evento intitulado “Câmara Mais Perto de Você”.
Nos últimos anos, a Millennium recebeu valores significativos: em 2023, foram R$ 1,8 milhão, e no ano seguinte, a quantia foi de R$ 1 milhão. Até agora, em 2025, o repasse alcançou R$ 572,6 mil. O contrato com a CLDF, com duração inicial de 12 meses, pode ser prorrogado por até cinco anos, o que significa que pode continuar até 2028.
A Millennium Eventos foi um dos alvos da Operação Korban, realizada pela PF e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que teve início na última terça-feira, 29 de julho. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, autorizou a execução de mandados de busca e apreensão envolvendo a Associação Moriá, seus dirigentes, empresas subcontratadas, além de sócios envolvidos. Nos últimos dois anos, parlamentares do DF destinaram R$ 53 milhões em emendas para a ONG.
Relações Empresariais Comprometedoras
A Millennium Eventos, sob a propriedade de Alejandro Parrilla, também recebeu quase R$ 1 milhão da Associação Moriá. Outra empresa associada a ele, a LG Promoções e Eventos, firmou contratos com a ONG que totalizam R$ 4,2 milhões. Curiosamente, a LG é comandada por Ludmila Cardoso Jardim Gomes, ex-companheira de Alejandro. Não apenas as empresas estão sob investigação, mas também Alejandro e Ludmila enfrentam buscas e apreensões, bloqueios de bens e quebras de sigilo de dados bancários e telemáticos, tudo autorizado pelo STF.
Adicionalmente, a Associação Moriá, que tem sua sede registrada no Setor de Rádio e TV Norte, possui um vínculo familiar com Alejandro Parrilla, de acordo com a matrícula do imóvel. No entanto, fontes indicam que a verdadeira sede da Associação estava em um local diferente, também relacionado ao empresário, especificamente no Centro de Eventos Millennium Convention Center, situado na Associação dos Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade).
Conluio e Direcionamento nas Contratações
Auditores envolvidos na investigação levantaram dúvidas sobre possíveis direcionamentos inadequados nas subcontratações e conluios entre as empresas que participaram das terceirizações dos projetos relacionados a jogos digitais. Nos últimos dois anos, cerca de R$ 46 milhões em emendas parlamentares foram direcionados à Associação Moriá para implementar um projeto com o intuito de ensinar jovens a jogar videogames populares, como League of Legends e Free Fire. Entretanto, apenas R$ 8 milhões desse total foram efetivamente pagos.
Após a divulgação de reportagens que apontavam irregularidades na Associação Moriá, deputados e senadores decidiram suspender novos repasses. A entidade é dirigida por um ex-cabo do Exército, um motorista e uma esteticista — todos considerados como “laranjas” — e não opera no endereço que consta em seus documentos oficiais. Diante das revelações, o ministro Flávio Dino exigiu explicações da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Congresso Nacional.
A Resposta da CLDF e Tentativas de Contato
Em resposta às acusações, a CLDF divulgou um comunicado informando que o contrato com a Millennium Eventos foi resultado de um processo licitatório e tem como finalidade a prestação de serviços para a organização de eventos institucionais. “Os serviços incluem montagem de infraestrutura, apoio logístico, fornecimento de mobiliário e mão de obra, todos direcionados para eventos institucionais”, ressalta o texto.
A redação tentou estabelecer contato com Alejandro e Ludmila, porém não obteve resposta até a conclusão deste artigo. A CLDF, assim como os envolvidos, permanece aberta a eventuais declarações.