Na quarta-feira, 28, o clima político no Rio de Janeiro esquentou novamente, quando Cláudio Castro, governador do estado, e Eduardo Paes, o atual prefeito da capital, protagonizaram um novo embate verbal, reflexo das tensões que marcam a campanha eleitoral para as próximas eleições municipais, na qual Paes busca a reeleição. A série de desavenças entre esses dois líderes foi acentuada por declarações trocadas que evidenciam um cenário de rivalidade política acirrada.
Durante uma agenda pública na Zona Sul do Rio, Cláudio Castro aproveitou a oportunidade para responder às críticas feitas por Eduardo Paes um dia antes. O prefeito havia apontado que o governo estadual estava mais preocupado em distribuir cargos políticos nas delegacias e batalhões da Polícia Militar do que em efetivamente melhorar a segurança pública no estado. Naquele momento, Paes estava acompanhado do vice-governador Tiago Pampolha, refletindo uma aliança intraestatal que também tem sido alvo de controvérsias.
Castro, não poupando emoções, reforçou suas críticas a Paes, relembrando a polêmica nomeação do deputado Chiquinho Brazão para a Secretaria Municipal de Ação Comunitária. Brazão está preso sob acusações de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco, uma tragédia que ainda ecoa profundamente na sociedade carioca. O governador questionou a coerência do prefeito: “Basta ele me dizer qual delegacia e qual batalhão pertence a algum deputado. Ele critica uma coisa e contrata o responsável. Não consigo entender a crítica dele… mais uma vez Eduardo Paes com sua incoerência seletiva”, destacou Castro, acrescentando que Paes o elogiava em momentos anteriores e agora se posicionava de maneira traiçoeira na arena política.
Independentemente das críticas direcionadas a ele, castro ressaltou a ‘traição’ política de Eduardo Paes, citando sua habilidade em mudar alianças e a falta de consistência nas suas parcerias. “Se aliou ao PT, depois traiu o PT, traiu o Temer, traiu o Cabral, traiu o Pezão, e por último agora traiu o Pedro Paulo, tirando ele do posto de vice. Eduardo Paes é assim mesmo”, disparou o governador.
Horas mais tarde, em um evento em Rio das Pedras, na Zona Oeste, o prefeito Eduardo Paes voltou a alfinetar o governador, descrevendo o programa de segurança pública de Castro como uma “tragédia”. Ele não hesitou em afirmar que as críticas do governador acabam se transformando em elogios para ele, uma vez que refletem a divergência ideológica que distingue suas gestões. “Eu considero um absurdo que existam áreas da cidade em que não podemos dar aula ou garantir o funcionamento de clínicas. Essa é a tragédia da segurança pública que caracteriza a gestão do governo estadual, envolta em uma incompetência que parece recorrente”, argumentou Paes.
Ao continuar com sua retórica, o prefeito enfatizou a importância de esclarecer à população que a ineficiência do estado é resultado direto da administração de Cláudio Castro. “Quanto mais Cláudio Castro me criticar, mais eu agradeço, nós somos absolutamente antagônicos, ele administra de um jeito, e eu de outro”, afirmou, reiterando sua posição de oposição ao governo estadual. Essa troca de farpas não é apenas um reflexo do embate político, mas representa também uma disputa por narrativas no cenário atual, onde a segurança pública é um tema de maior preocupação para os cariocas.
Um detalhe interessante é que, embora o deputado estadual Alexandre Ramagem, que disputa a prefeitura pelo PL, estivesse presente no evento de Cláudio Castro na sede do BOPE, ele não fez declarações. Essa ausência de posicionamento pode indicar uma tentativa de distanciamento das controvérsias que cercam as recentes críticas entre os dois principais nomes da política carioca.
Esses eventos revelam muito mais do que apenas rivalidades pessoais; eles expõem questões profundas sobre a gestão da segurança pública no Rio de Janeiro e as complexidades relacionadas às alianças e disputas políticas no atual cenário eleitoral. O diálogo acirrado entre Castro e Paes reflete o intenso clima de competitividade que caracteriza as próximas eleições, onde a população espera propostas concretas e soluções que realmente façam a diferença no cotidiano da Cidade Maravilhosa.