Denúncias e Investigação em Andamento
O cirurgião plástico Márcio Simões de Oliveira, de 47 anos, é alvo de sérias acusações que vêm à tona nas últimas semanas. Ele acumula duas denúncias pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) por importunação sexual contra pacientes, além de estar sob investigação pela Polícia Civil pelo mesmo crime. Um dos relatos mais impactantes envolve uma situação ocorrida durante um retorno pós-cirúrgico, onde o médico teria tentado beijar uma paciente.
Formado em 1997 e com qualificação como especialista em cirurgia plástica, Márcio aguarda a sentença de um dos casos, cuja fase de alegações finais foi concluída pela Promotoria recentemente. Em todas as denúncias registradas, as pacientes o acusam de importunação sexual, sempre utilizando fraudes para enganar as vítimas.
Atualmente, um grupo de pelo menos 40 supostas vítimas está se organizando em uma plataforma de mensagens para discutir não apenas os crimes sexuais, mas também eventuais erros médicos que ainda não foram formalmente denunciados às autoridades competentes.
Em uma tentativa de esclarecer a situação, o Metrópoles tentou entrar em contato com o cirurgião nesta sexta-feira (25/7), mas não obteve resposta. O espaço permanece aberto para qualquer manifestação dele ou de sua defesa.
Relato de uma Paciente
Um dos casos mais recentes envolve uma mulher de 41 anos, que compareceu ao consultório de Márcio, acompanhada de uma amiga e de seu parceiro, para uma consulta inicial visando a colocação de silicone nos seios. O incidente aconteceu no dia 18 de março deste ano, na Bela Vista, região central de São Paulo.
De acordo com o relato da vítima à Polícia Civil, a consulta começou de maneira normal. No entanto, ao retirar a blusa para que os seios fossem avaliados, o cirurgião não a olhou, mas sim puxou a paciente em direção ao seu abdômen, dizendo: “Nossa, que mulher gostosa, que abdômen lindo! Vou fazer uma abdominoplastia, você vai ficar mais gostosa ainda”.
A paciente, acompanhada pela amiga, tentou corrigir o médico, afirmando que estavam ali para discutir a colocação das próteses mamárias. O médico, por sua vez, ignorou a observação e continuou a chamar a mulher de ‘gostosa’, fazendo sons inconvenientes e impedindo que ela fechasse a camisa.
Quando questionado se iria analisar os exames da paciente, o cirurgião revelou que estava separado e ofereceu seu número de telefone, desconsiderando a presença do marido da vítima na sala de espera.
Comportamento Inadequado e Consequências
Ignorando os alertas da amiga, que reforçou que a mulher era casada, o médico continuou com seu comportamento inapropriado. Ao notar uma inflamação na panturrilha da paciente, observou que deveria avaliá-la, afirmando: “Hoje vai ter festa”, enquanto acariciava áreas inapropriadas do corpo dela e fazendo comentários vulgares.
A paciente se sentiu paralisada durante o abuso, mas conseguiu eventualmente se desvencilhar, vestir-se rapidamente e sair do consultório, temendo como o marido reagiria à situação.
Esse caso a polícia investiga, e a situação se torna cada vez mais alarmante.
Histórico de Denúncias e Processos
Márcio Simões foi denunciado em março de 2023 pelo MPSP pelo crime de importunação sexual contra uma bancária de 31 anos, também sua paciente. Nesse caso, ocorrido no final de 2018, a mulher relatou que durante uma consulta de acompanhamento pós-cirúrgica, o médico fez muitos elogios inadequados e, em um momento, tentou beijá-la na boca.
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Com base nas declarações da vítima e de testemunhas, o MPSP apresentou suas alegações finais no dia 28 de fevereiro deste ano, solicitando a condenação do cirurgião por tentativa de importunação sexual. Este pedido, segundo os promotores, baseou-se na reiteração do comportamento do médico em outro processo, no qual ele também era réu.
Uma das vítimas havia comparecido ao consultório do cirurgião em junho de 2019 para a retirada de uma queloide na orelha. Acompanhada pelo namorado, ela foi alvo de comentários inapropriados e toques indesejados, que o médico tentou justificar como um erro de identidade em sua ficha de atendimento.
Medidas e Consequências Legais
Em outubro de 2022, o MPSP havia solicitado uma suspensão condicional do processo por um período de dois anos, desde que o médico seguisse algumas condições, como comparecimento bimestral ao juízo e a proibição de frequentar locais de “reputação duvidosa”. O cirurgião aceitou a proposta, e, com o cumprimento das exigências, a punibilidade de um dos casos foi extinta em outubro do ano passado.