Você já deve ter se deparado com relatos sobre frangos de corte que apresentam lesões conhecidas como pododermatites, que se manifestam na forma de calos nas patas. Essas condições, que geram inflamações e necrose, ocorrem principalmente no coxim plantar e nos dedos dos frangos. A severidade das pododermatites pode variar entre lesões superficiais e profundas, dependendo dos cuidados durante a criação.
Mas o que realmente causa essas lesões? Fatores como ambientes sujos, em que a umidade predominante e a presença de amônia são constantes, além de alta densidade de aves, um programa de iluminação inadequado, deficiências nutricionais e gestão inadequada na criação podem elevar tanto a incidência quanto a gravidade das pododermatites. Esses problemas podem ser classificados em graus, que vão de zero (sem lesão) até dois (lesões severas e desconforto significativo).
De acordo com especialistas, as pododermatites de grau um apresentam um diâmetro de até 5 mm e causam um desconforto moderado aos frangos. Por outro lado, as lesões de grau dois são mais amplas, superando os 5 mm, e resultam em dor intensa, prejudicando o bem-estar dos animais e a movimentação. Essas lesões não apenas causam dor, mas também dificultam a locomoção dos frangos, levando a uma diminuição no consumo de ração e água. Além disso, as lesões podem funcionar como portas de entrada para patógenos que podem causar outras doenças.
Outro aspecto a ser considerado é que ao permanecerem em uma posição de descanso por mais tempo do que o normal, os frangos correm o risco de desenvolver dermatites de contato. Essa condição faz com que a qualidade das aves que chegam ao abatedouro seja comprometida, resultando em condenações parciais e exigindo cortes em aves que poderiam ter sido vendidas inteiras.
Essas lesões têm implicações econômicas significativas. O aumento na dor e no desconforto das aves leva à queda na ingestão tanto de água quanto de ração, fazendo com que o lote de frangos se torne inconsistente e comprometendo tanto o ganho de peso quanto a conversão alimentar. Essa situação também resulta em um aumento nas condenações durante o processo de abate, o que pode ter um impacto negativo na rentabilidade.
Além disso, o bem-estar das aves influenciará diretamente a avaliação nas auditorias levadas a cabo por certificadoras que atuam em setores como supermercados, restaurantes de fast food e organizações de bem-estar animal. Durante o abate, a presença de calos nas patas dos frangos pode resultar na contaminação das áreas de escalda e evisceração, elevando também a necessidade de mão de obra para limpeza, fazendo com que cada vez mais aves sejam condenadas pela inspeção oficial.
As consequências financeiras dessas situações não são sutis. Atualmente, existe uma demanda crescente para a exportação de patas de frango, especialmente para mercados na Ásia, como a China, onde o preço por tonelada pode alcançar valores de até 3,4 mil dólares—superior ao preço da tonelada de peito de frango, que é de cerca de 3,2 mil dólares para a Europa.
Para os produtores integrados, a realidade é que cada região e linhagem tem suas próprias estimativas sobre como lesões e condenações serão tratadas. Assim, se um lote apresentar resultados muito acima da média regional, o produtor pode enfrentar penalizações financeiras, com impactos diretos em sua remuneração.
Portanto, como evitar esses problemas? A primeira medida é garantir que a cama onde os frangos ficam seja mantida seca. A redução dos níveis de amônia no ambiente deve ser uma prioridade, utilizando ventiladores, exaustores e placas evaporativas de forma eficaz. O manejo adequado dos bebedouros é crucial para evitar o desperdício de água e garantir que não haja umidade excessiva na cama.
A aplicação de produtos secos como cal e a viragem periódica da cama são práticas que contribuem para manter um ambiente ideal para as aves. Se a cama for reutilizada, é fundamental aumentar o intervalo entre lotes, o que facilita seu tratamento e conservação em boas condições.
Além disso, considerar a inclusão de zinco e selênio na ração das aves pode reduzir o impacto das lesões cutâneas, enquanto a suplementação de vitamina E fortalece a imunidade dos frangos, auxiliando na prevenção de infecções nas áreas lesionadas. A adoção de probióticos é recomendada para promover uma melhor saúde intestinal, resultando em fezes menos líquidas que ajudam a manter a cama mais seca.
Vale lembrar que a responsabilidade pelo fornecimento de suplementos minerais, vitamínicos e enzimas, assim como a gestão da densidade de aves e o intervalo entre lotes, recai sobre os integradores. Já a função de manter a cama em boas condições é uma tarefa diária que depende do empenho e da dedicação dos integrados e tratadores.
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