A saúde capilar é uma preocupação comum, visto que experimentamos diariamente o crescimento e a perda de fios de cabelo, com uma média de 50 a 100 fios caindo por dia. No entanto, se essa perda se intensifica, pode ser um sinal de problemas subjacentes que afetam a saúde dos cabelos, como deficiências nutricionais, estresse ou condições de saúde. Esses fatores podem resultar em uma queda excessiva, levando a falhas no couro cabeludo e, em casos severos, à calvície, que pode afetar tanto homens quanto mulheres. Embora a queda de cabelo possa ser temporária em algumas situações, em outras, a consulta a um profissional de saúde pode ser necessária para diagnósticos e tratamentos adequados.

Para esclarecer as principais dúvidas sobre a queda de cabelo, é importante entender os fenômenos que a rodeiam. O cabelo cresce em ciclos que consistem em três fases: anágena, catágena e telógena. Durante a fase anágena, que pode durar de dois a oito anos, o cabelo está em seu estágio de crescimento ativo. Após essa fase, ele passa pela catágena, onde a atividade do folículo capilar é interrompida por algumas semanas. Finalmente, na fase telógena, o fio se desprende do folículo, dando início a um novo ciclo. Essa perda regular de cabelo é natural, mas quando a queda se torna excessiva, é classificada como alopecia, que demanda investigação.

É normal perder cabelos diariamente, mas certos sinais indicam que a situação pode exigir atenção médica. Perder um número considerável de fios no travesseiro ao acordar, notar tufos de cabelo na escova ou nas mãos ao pentear, e observar áreas com menor densidade capilar são sinais que não devem ser ignorados. A dermatologista Barbara Miguel, associada ao Hospital Israelita Albert Einstein, alerta para a necessidade de investigar esses sintomas, especialmente se acompanhados de desconfortos como coceira, descamação ou inflamação do couro cabeludo.

As alopecias são diversas e suas causas variam. As mais frequentes são as não cicatriciais, que permitem o crescimento de novos fios. Um exemplo comum é o eflúvio telógeno, caracterizado pela queda acentuada de cabelo geralmente após um evento estressante. Essa condição pode ser tanto aguda, com um quadro temporário, quanto crônica, com um padrão de queda contínua. A alopecia androgenética, popularmente conhecida como calvície, possui um componente genético e pode ser observada em homens e mulheres de diferentes idades.

Outra forma de alopecia é a alopecia areata, uma doença autoimune que provoca a perda irregular de cabelo, criando áreas calvas. Essa condição é crônica, com episódios de melhora e piora ao longo do tempo. Já as alopecias cicatriciais, que resultam de processos inflamatórios que destroem os folículos pilosos, podem levar a uma perda de cabelo irreversível, tornando essencial o acompanhamento médico.

O estresse é um fator que também pode influenciar na saúde capilar. Situações marcantes, como mudanças de trabalho ou lutos, podem precipitar o eflúvio telógeno agudo, caracterizado pela queda intensa de cabelos entre três a quatro meses após o evento estressante, embora muitos fios voltem a crescer naturalmente após esse período.

Fatores de saúde, como doenças infecciosas — por exemplo, Covid-19 ou dengue —, certas deficiências nutricionais e alterações hormonais, especialmente durante a menopausa, também podem contribuir para a queda capilar. Condições como anemia ou problemas na tireoide são exemplos que costumam causar impactos diretos na densidade e saúde dos cabelos. Cirurgias, especialmente bariátricas, uso excessivo de medicamentos, e mudanças hormonais do pós-parto estão entre outros fatores que também podem induzir à queda dos fios.

A reversibilidade da queda depende do tipo de alopecia. Nas alopecias não cicatriciais, intervenções precoces podem permitir a recuperação do cabelo, enquanto nas cicatriciais, a condição é mais complexa e, frequentemente, irreversível. Observe-se também que a alopecia frontal fibrosante, uma condição que resulta na retração da linha capilar, tem sido cada vez mais diagnosticada.

É crucial entender que nem toda perda de cabelo é motivo para tratamento imediato. Fatores transitórios podem indicar que, em pouco tempo, os fios retornam ao normal. Já os casos crônicos exigem uma investigação mais aprofundada para identificar as causas subjacentes. Quando alvos de alopecia androgenética são detectados, os pacientes precisam se preparar para um tratamento a longo prazo.

Os tratamentos disponíveis variam conforme a necessidade. Dependendo do diagnóstico, algumas condições podem se resolver por conta própria, enquanto outras podem exigir medicações tópicas ou orais, intervenções como mesoterapia, tratamentos a laser e transplante capilar. Além disso, práticas capilares, como o uso excessivo de química ou calor, podem causar danos aos fios, mas normalmente não são responsáveis pela queda direta, ainda que possam resultar em quebra capilar.

A forma de pentear e as técnicas de corte também desempeham papéis na saúde capilar. Penteados apertados podem provocar alopecia de tração, por isso a recomendação é intercalar estilos e evitar pressões constantes nos fios. Apesar de não haver uma influência direta do corte sobre o crescimento do cabelo, um corte adequado pode melhorar seu aspecto geral.

O cuidado com a saúde capilar deve ser uma prioridade, e ao perceber sinais de que algo pode estar errado, buscar orientação de um profissional pode fazer toda a diferença na recuperação da sua saúde capilar.

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