Reação do Setor Lácteo
Cinco importantes entidades do setor de laticínios, entre elas a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), manifestaram indignação em relação à recente campanha publicitária da empresa chilena NotCo, que se especializa em bebidas vegetais. A publicidade questionável associa o consumo de leite de vaca a doenças gastrointestinais, gerando controvérsia e protesto entre os profissionais do setor.
A campanha utiliza a imagem de adultos vestindo fantasias de animais mamíferos, uma referência direta aos comerciais clássicos da Parmalat dos anos 90, que mostravam crianças consumindo leite. “O leite é um alimento de origem animal rico em vitaminas e cálcio, com alto valor biológico. Ele é uma fonte de proteína acessível a milhares de famílias brasileiras, sendo parte integrante da dieta de diversas faixas etárias e classes sociais”, afirmou a nota das entidades.
As associações ressaltaram que a produção de leite no Brasil envolve mais de um milhão de produtores, que cuidam de um rebanho de 15,6 milhões de vacas, resultando em uma produção anual de cerca de 35 bilhões de litros. Essa atividade desempenha um papel fundamental na economia e no sustento de muitas famílias em todas as regiões do país. O leite é ainda reconhecido pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde como um componente essencial para uma dieta saudável e para o desenvolvimento humano.
Críticas à Campanha
As entidades alegam que a campanha da NotCo, criada pela agência David, representa um desserviço ao associar o leite a doenças gastrointestinais de maneira generalizada, sem base científica que substancie tais afirmações. “As peças publicitárias se apropriam de símbolos da memória afetiva do povo brasileiro para desacreditar o leite, ignorando a responsabilidade social e a saúde pública. Com uma linguagem inadequada e jocosa, a NotCo promove medo e desinformação”, prossegue a nota divulgada.
A postura do setor lácteo foi apoiada pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), que na última sexta-feira (4) recomendou a retirada das peças publicitárias do ar. Como consequência, as entidades solicitaram a imediata suspensão da circulação do conteúdo nas plataformas digitais, em linha com a orientação de combate à disseminação de fake news.
Adicionalmente, o setor exige ações para compensar os danos causados pela campanha, argumentando que o ataque não afeta apenas a empresa diretamente associada à campanha, mas também todos os consumidores, produtores e empresas que atuam no setor lácteo no Brasil. “A preocupação com a integridade do setor é inegável e a resposta deve ser contundente”, conclui a nota.
A nota de repúdio é assinada não apenas pela Abraleite, mas também por outras organizações do setor, como a Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), a Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios (G-100), a Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ) e a Associação Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV).
Por fim, até a publicação desta matéria, a campanha da NotCo ainda estava disponível no YouTube, gerando novas críticas e discussões sobre a responsabilidade das empresas na veiculação de informações sobre os produtos alimentícios.
