A atual volatilidade dos preços nas bolsas internacionais de café tem gerado grande preocupação entre os produtores, especialmente em relação à produtividade da safra 2025. O brasil, um dos maiores produtores de café do mundo, está enfrentando sérios desafios, como a baixa taxa de pegamento nas floradas dos cafezais. Fatores climáticos adversos em várias nações produtoras estão afetando a oferta global, enquanto os estoques certificados continuam em níveis críticos. A combinação de uma oferta comprometida e um potencial de demanda crescente tem impactado o mercado cafeeiro de maneira significativa, levando os preços do arábica a alcançar os níveis mais altos dos últimos 13 anos na Bolsa de Nova York.
Recentemente, os contratos futuros do café no mercado norte-americano se aproximaram da marca de US$ 3,00 por libra-peso. No brasil, as cotações chegaram a testar os R$ 2.000,00 por saca em algumas regiões produtoras, o que desencadeou uma série de reflexões sobre o futuro da cafeicultura no país. Essa situação destaca a fragilidade e a incerteza que envolvem a oferta de café, afetada por um contexto global de problemas climáticos que prejudicam a produção em todos os principais países produtores. Os estoques baixos, tanto nos países produtores quanto nos consumidores, ampliam a preocupação. Informações recentes indicam uma forte queda na floração dos cafezais brasileiros, além da resistência de muitos cafeicultores em vender seus grãos nos meses finais de 2024, o que contribui para a alta expressiva nas bolsas de café e no mercado físico brasileiro.
De acordo com dados divulgados pelo Serviço Agrícola Estrangeiro (FAS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a projeção de produção de café do brasil para a safra 2024/25 é de 66,4 milhões de sacas, uma revisão significativa em relação à previsão anterior, que era de 69,9 milhões de sacas. O USDA também reduziu a estimativa de estoques de café no brasil, prevendo que esses afetem apenas 1,2 milhão de sacas quando a atual temporada se encerrar em junho. Essa redução representa uma queda de 26% em comparação com o ano anterior, agravando ainda mais a situação.
No cenário interno, Silas brasileiro, presidente do Conselho Nacional do café (CNC), ressalta que, nos últimos três anos, a cafeicultura brasileira enfrentou desafios climáticos, mas conseguiu manter uma produção média de 60 milhões de sacas e manter estoques adequados. Contudo, agora o cenário mudou drasticamente, com estoques em níveis alarmantes e um claro comprometimento da produtividade já identificado para a safra de 2025. brasileiro explica que há uma crescente preocupação com o alto índice de abortamento dos chumbinhos nas lavouras, resultado de mais de 140 dias de estiagem no país.
Além disso, a StoneX já realizou um levantamento inicial sobre a perspectiva da safra de café 2025/26, indicando uma potencial quebra de 0,4% na produção. O relatório aponta que a produção do café arábica foi severamente impactada pelas condições climáticas adversas, prevendo uma queda de 10%, totalizando uma estimativa de 40 milhões de sacas para a safra 2025/26. Em contrapartida, a variedade robusta mostrou-se mais resiliente, uma vez que sua produção ocorre em regiões que utilizam sistemas de irrigação. Espera-se uma alta de 21% para o robusta, projetando-se 25,6 milhões de sacas na próxima temporada.
O Indicador CEPEA/ESALQ mostra que o robusta tem estabelecido recordes reais desde o início da série histórica em novembro de 2001, com uma valorização superior a 100% na parcial deste ano. Pesquisadores do Cepea vinculam esse aumento a uma oferta restrita da variedade, tanto no Vietnã quanto no brasil, aliada à escalada dos preços do arábica. Eduardo Carvalhaes, analista de mercado e diretor do Escritório Carvalhaes, comenta que o mercado se mostra firme, com grande interesse de compra para todos os padrões de café, tanto para exportação quanto para o consumo interno. No entanto, ele observa que o interesse por vendas, especialmente neste final de ano, permanece baixo.