A Relevância da indústria no desenvolvimento Nacional
A indústria desempenha um papel central na transformação econômica e social do Brasil. Responsável por gerar riqueza, empregos e novas demandas, o setor provoca mudanças significativas na vida das pessoas. Em uma reflexão sobre este impacto, especialistas se reuniram no evento “Brasil industrializado: o futuro do país em transformação”, promovido pelo Metrópoles na última quinta-feira, 10 de julho, em Brasília (DF), no Ulysses Centro de Convenções.
Com o apoio da ABDI, a conferência trouxe à tona um debate crucial sobre os novos rumos da política industrial nacional. Dados recentes mostram que, em 2024, o setor industrial cresceu aproximadamente 3,3%, impactando diretamente o aumento de 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB), que alcançou a marca de R$ 11,7 trilhões. Segundo o IBGE, esse desempenho se destaca como o terceiro melhor resultado dos últimos 15 anos, solidificando a indústria como um pilar da economia brasileira.
Em um vídeo de abertura, o presidente da Agência Brasileira de desenvolvimento Industrial (ABDI) enfatizou a relevância de defender a indústria nacional. “O Brasil voltou a crescer. É crucial proteger a indústria e o emprego. Não podemos permanecer à mercê do exterior”, afirmou.
O Novo Ciclo Industrial e os Desafios da Transformação Digital
O primeiro painel do evento abordou a transformação digital e o novo ciclo industrial, com a participação de Jefferson de Oliveira Gomes, diretor de desenvolvimento Industrial da CNI; Poliana Carvalho, diretora de inovação do MDIC; José Luís Gordon, diretor do BNDES; e Roberto Pedreira, gerente da ABDI. A discussão focou no crescimento da indústria em 2022, que se deu após um período de declínio, com um ambiente econômico que demonstrou sustentabilidade e foi impulsionado por investimentos recordes.
Roberto Pedreira destacou que esses recordes impulsionaram a geração e o estoque de empregos. Poliana Carvalho ressaltou a importância da industrialização contemporânea, enfatizando a necessidade de soberania tecnológica e digital. “O Brasil avançou em tecnologias como robótica e inteligência artificial, mas ainda há desafios a enfrentar”, frisou.
José Luís Gordon acrescentou que os países desenvolvidos têm sido referência devido a políticas públicas constantes voltadas para o setor industrial. “Para a indústria gerar empregos e renda, a inovação é essencial. É fundamental que uma decisão política foque na agenda industrial e desenvolva instrumentos para a digitalização e sustentabilidade”, afirmou.
Investimentos e Políticas para a indústria Brasileira
O painel também abordou os investimentos realizados pelo BNDES, Finep e Embrapii, que, desde 2023, injetaram mais de R$ 50 bilhões para promover a inovação na indústria. “Isso é sem precedentes, englobando crédito, recursos não reembolsáveis e fundos”, destacou Gordon.
Jefferson Gomes destacou a importância de uma política industrial robusta, que deve ser encarada como uma agenda de Estado, e não de governo. “Quando há um grande número de ações, surgem também desafios em outros setores. Precisamos de uma infraestrutura de qualidade e legislações adequadas”, pontuou.
Poliana Carvalho enfatizou a importância de uma política nacional voltada para data centers, prevendo a primeira fase de implementação em breve. “O Brasil já conta com 170 desses espaços, mas é necessário avançar para melhorar a distribuição de tecnologia”, afirmou.
Uma indústria Verde e Sustentável
Jefferson acrescentou que o Brasil tem oportunidades de integrar a agenda industrial com a sustentabilidade. A ABDI, segundo Roberto Pedreira, tem acompanhado o programa Mover, que fortalece o uso de energias renováveis na indústria. “Embora seja desafiador ser uma indústria verde, o Brasil possui a possibilidade de agregar tecnologias a esses serviços”, comentou Poliana.
Gordon mencionou a criação do Fundo Clima, uma decisão política voltada para a indústria sustentável, destacando o papel do Brasil na pesquisa sobre combustíveis de aviação e marítimos, além de discutir minerais críticos.
desenvolvimento Estratégico e a Qualificação da Mão de Obra
O segundo painel focou no papel estratégico da indústria para o desenvolvimento nacional, com a participação de Jarbas Ari Machado, vice-presidente da Fibra; Álvaro Prata, presidente da Embrapii; e Gustavo Leal, diretor-geral do Senai. Álvaro enfatizou a necessidade de investir em educação técnica e profissional, ressaltando que a falta de mão de obra qualificada é um problema crítico no setor.
Jarbas apresentou dados alarmantes, indicando que será necessário requalificar 186 mil jovens até 2027. “Precisamos de profissionais em áreas como construção civil, tecnologia da informação e logística”, revelou.
Gustavo Leal enfatizou a importância de atrair jovens para as formações adequadas, uma vez que muitos empregadores têm enfrentado dificuldades em encontrar candidatos qualificados. A rápida evolução tecnológica e as novas formas de trabalho são fatores que contribuem para esse cenário.
Os especialistas concordam que para o Brasil competir efetivamente no cenário global, é imprescindível investir em ciência e tecnologia. A indústria deve estar alinhada às mudanças climáticas e às inovações necessárias para enfrentar os desafios do futuro.