Após cinco anos, o Brasil celebra a conquista de ser classificado novamente como um país livre do sarampo, uma condição que reflete os esforços contínuos e coordenados para garantir a saúde pública. A Organização Pan-Americana da saúde (Opas) anunciou que a situação da doença foi controlada, especialmente após dois anos sem nenhuma ocorrência registrada. Este importante reconhecimento foi formalizado durante uma cerimônia, realizada na terça-feira, 12 de novembro, no auditório da Opas, onde a ministra da saúde, Nísia Trindade, recebeu o desejado certificado.
Além dessa conquista significativa, o Brasil também foi agraciado com o certificado de eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita. Com essas vitórias, a região das Américas se torna a única no mundo a estar livre das três doenças, um feito considerável que reflete o comprometimento dos profissionais de saúde e da população em manter altas taxas de imunização.
O presidente Luiz Inácio lula da Silva ressaltou a importância desse diploma, que é resultado da resiliência e competência do sistema de vacinação nacional. Em seu encontro com o diretor da Opas, lula enfatizou a relevância da vacinação como uma ferramenta essencial para a proteção da saúde pública, reforçando a necessidade de manter os esforços para assegurar que o Brasil permaneça livre dessas doenças.
O primeiro reconhecimento de que o Brasil estava livre do sarampo aconteceu em 2016, quando o país já não registrava circulação do vírus, um resultado direto da adesão à campanha de vacinação que foi integrada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 1992. No entanto, a manutenção desse status livre não é garantida de forma permanente, exigindo um compromisso contínuo com ações públicas que incentivem a vacinação, assim como a realização de monitoramento eficaz.
Embora o Brasil tenha alcançado sucesso em sua campanha de vacinação, observou-se uma queda na cobertura vacinal ao longo dos anos, o que levou ao retorno de casos locais da doença. Entre 2018 e junho de 2022, foram confirmados 39.799 casos de sarampo, além de 40 mortes decorrentes da enfermidade. Devido a esse retrocesso, o país perdeu o certificado em 2019, um lembrete sombrio da fragilidade dos avanços em saúde pública.
A vacina usada no Brasil para proteção contra o sarampo é a tríplice viral, que também oferece imunização contra a rubéola e a caxumba, sendo disponibilizada gratuitamente através do Sistema Único de saúde (SUS). A aplicação da segunda dose da vacina tem demonstrado progresso, especialmente em 2023, quando conseguiu ultrapassar 70% da cobertura após um declínio significativo observado durante a pandemia.
O último caso de sarampo registrado no Brasil aconteceu em junho de 2022, no Amapá. Em 2024, embora quatro casos tenham sido identificados, todos eram importados e foram prontamente controlados. O êxito em manter o sarampo sob controle deve-se a um tripé de medidas que enfatiza o aumento da vacinação, a melhoria nos sistemas de vigilância sanitária e a capacidade de resposta rápida a emergências de saúde pública.
Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente da Câmara Técnica responsável pela Verificação da Eliminação do Sarampo no Brasil, expressou sua satisfação com os resultados alcançados: “O Brasil conseguiu reverter a tendência de queda na vacinação, saindo da lista dos 20 países com maior número de crianças não vacinadas. Hoje, temos motivos para celebrar e afirmar com orgulho que conseguimos eliminar o sarampo novamente”. A mensagem de esperança e uma nova era de vigilância em saúde pública ressoam como um convite à população: o fortalecimento da vacinação é essencial para a prevenção de doenças e a proteção da saúde coletiva.