Na última segunda-feira, 18 de setembro, o governo brasileiro, por meio do Ministério de Minas e Energia (MME), formalizou a assinatura de um memorando de entendimento que facilitará a entrada de gás natural argentino proveniente dos renomados campos de Vaca Muerta no mercado brasileiro. Este importante acordo foi selado durante a cúpula de líderes do G20, um evento que reúne as principais economias do mundo e que é um espaço estratégico para discussões sobre cooperação econômica e energética entre os países participantes.
O memorando estabelece a formação de um grupo de trabalho composto por técnicos de ambos os países, cuja missão será identificar as medidas de infraestrutura necessárias para assegurar a chegada do gás argentino em território brasileiro. Algumas das alternativas discutidas incluem a potencial inversão do gasoduto Brasil-Bolívia, conhecido como Gasbol, assim como outras rotas menos prováveis, que poderiam envolver a construção de novos gasodutos. Essas novas infraestruturas teriam como objetivo conectar a malha gasífera argentina diretamente ao Brasil, seja na região de Uruguaiana, no rio grande do sul, ou através dos territórios do Paraguai ou Uruguai. Essas informações foram compartilhadas por participantes da reunião, refletindo os desafios e as oportunidades desse novo acordo.
Em uma publicação na rede social X no mesmo dia, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, revelou que a importação de gás natural argentino poderia ser viabilizada por cinco rotas, embora a viabilidade de algumas delas tenha sido questionada. Operadores do mercado consultados pela reportagem expressaram ceticismo quanto à possibilidade de novas rotas que demandassem a construção de gasodutos adicionais. De acordo com eles, os investimentos exigidos para essas opções seriam significativamente superiores e, devido ao atual estado econômico da argentina, deveriam ser de iniciativa privada.
A formalização do acordo foi realizada por Silveira e pelo ministro da Economia argentino, Luís caputo. Durante a assinatura, caputo enfatizou a relevância desta parceria para a relação bilateral entre Brasil e argentina, a qual tem enfrentado desafios desde a recente eleição do presidente javier milei na argentina. O fortalecimento da relação entre os dois países é visto como fundamental, especialmente no contexto econômico atual.
Além disso, durante a cúpula, Silveira abordou sua posição em relação à extração de gás através do método de fraturamento hidráulico, conhecido como fracking. Ele manifestou seu apoio à realização de estudos sobre o uso deste método em diversas localidades, desde que realizados de forma responsável. “A produção de petróleo e gás não se resume a uma questão de oferta, mas de demanda. Enquanto houver demanda por petróleo, sempre haverá a necessidade de fornecer este recurso. Já importamos gás de fracking dos Estados Unidos, e agora estamoscendo da argentina“, afirmou o ministro.
O fraturamento hidráulico é uma técnica que permite extrair combustíveis fósseis do subsolo, podendo ser referida também como fratura hidráulica, estimulação hidráulica ou pelo termo inglês fracking. Silveira reiterou sua posição, defendendo que se for a necessidade do Brasil, os estudos sobre o fracking devem ser conduzidos em qualquer lugar do mundo, até que se chegue a uma transição energética segura e sustentável.
Respondendo a questionamentos de jornalistas sobre se sua postura quanto ao fracking contradiz a defesa brasileira em relação ao combate às mudanças climáticas durante o G20, Silveira assegurou que não há contradição em suas falas. “Pelo contrário, isso faz todo o sentido”, enfatizou, ressaltando que o governo brasileiro apoia uma transição energética justa, na qual o gás natural desempenha um papel crucial. Com isso, o Brasil busca equilibrar suas necessidades energéticas imediatas com a perspectiva de um futuro sustentável, encarando desafios climáticos com responsabilidade e inovação.