Bolsonaro e o prefeito Ricardo nunes (MDB), candidato à reeleição, não compartilham uma relação cordial, e ambos reconhecem que a situação é complicada. Apesar da rivalidade, a realidade é que os dois têm um objetivo em comum: unir forças para enfrentar o candidato pablo marçal (PRTB). marçal, que entrou na disputa sem convite, acabou atraindo uma significativa parte do eleitorado bolsonarista, algo que tanto nunes quanto Bolsonaro veem com preocupação.
Ciro Nogueira, senador pelo Piauí e presidente do Partido Progressista (PP), que apoia a candidatura de nunes, foi claro ao afirmar que o atual prefeito de São Paulo não se identifica como bolsonarista, assim como ele mesmo deixa explícito que não faz parte deste espectro político. Nogueira é um aliado fiel de Bolsonaro, assim como Tarcísio de Freitas, o governador do Estado de São Paulo pelo Republicanos. Em suas trajetórias políticas, ambos são cientes de que devem muito a Bolsonaro, uma figura central em suas carreiras.
Tarcísio de Freitas, por exemplo, deve sua ascensão a ter sido ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, além de sua eventual candidatura ao cargo de governador. Inicialmente, Tarcísio não tinha interesse em concorrer ao governo de São Paulo, sua preferência era pelo Senado. Contudo, Bolsonaro o pressionou a assumir a candidatura ao governo, mesmo sem ter raízes profundas no estado, tendo passado a maior parte de sua vida no rio de janeiro e em brasília, longe do cotidiano paulista.
Por sua vez, Nogueira, que ocupou a chefia da Casa Civil durante o governo Bolsonaro — uma posição de destaque e influência —, não conseguiu alavancar sua candidatura contra o PT em seu estado natal, Piauí. Essa experiência, no entanto, permitiu a Nogueira consolidar seu papel como um dos políticos mais influentes da cena nacional por vários anos.
Nogueira expressou o desejo de que a disputa em São Paulo se concentre entre nunes e marçal, acreditando que isso seria a melhor maneira de neutralizar as chances de vitória da esquerda, representada por figuras como Guilherme Boulos (PSOL), lula e o próprio PT. Durante uma conversa com Bolsonaro, Nogueira revelou essa estratégia, e o ex-presidente teria compreendido a urgência na proposta. A lógica por trás dessa intenção faz sentido na dinâmica atual da política local.
Entretanto, há uma questão que Nogueira não aborda abertamente: a possibilidade de que Boulos chegue ao segundo turno, enfrentando marçal. O que ocorrerá nesse cenário? O PP, sob o comando de Nogueira, se aliará a marçal? Quais seriam as orientações de Bolsonaro nesse contexto? Embora marçal tenha enfrentado uma estagnação nas pesquisas de intenção de voto, a corrida eleitoral está longe de estar decidida, e ele continua a ser uma força a ser considerada.
nunes exalta a preocupação com o eleitor indeciso que, por vergonha ou uma sensação de incerteza, pode acabar votando em marçal. Um fato que ecoa nas palavras de Tarcísio, que, um dia, chegou a afirmar que votaria nulo caso nunes não estivesse no segundo turno. Contudo, sob pressão de carlos bolsonaro, filho do ex-presidente, Tarcísio teve que recuar na sua declaração anterior.
Bolsonaro está ciente de que marçal representa uma ameaça significativa, buscando consolidar-se como a principal voz da direita nas próximas eleições de 2026. Se nunes não conseguir garantir sua vaga no segundo turno e acabar perdendo para marçal, a situação se tornará delicada para ele e para suas alianças. Essa incerteza deixa uma pergunta crucial no ar: quais seriam os próximos passos de Bolsonaro diante dessa possível reviravolta?
Boulos, por sua vez, observa atentamente essa divisão nas forças da direita, apostando que essa fragilidade pode ser a chave para sua vitória na corrida à prefeitura. O cenário político em São Paulo está marcado por essa fissura, que se torna cada vez mais evidente, e pode impactar profundamente o resultado das eleições, criando um panorama dinâmico e imprevisível para o futuro político da cidade e da região.