Desafios Políticos e Implicações Legais
A pergunta que permeia o debate, mas que permanece sem resposta, é: o que o Brasil pode fazer para evitar a irritação de Donald Trump, que pode intensificar as sanções contra os ministros do Supremo Tribunal Federal, responsáveis por julgar Bolsonaro e outros envolvidos nos eventos de 2022 e 2023? Inicialmente, é importante destacar que o governo brasileiro tem pouco a fazer nesse cenário; a responsabilidade recai sobre o Supremo. Porém, o que poderia ser feito? Cancelar o julgamento? Ignorar tudo o que foi discutido até agora? Revogar a inelegibilidade de Bolsonaro, que se estende até 2030?
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É exatamente isso que Trump deseja: ver Bolsonaro como candidato à presidência nas eleições de 2026. Na visão do ex-presidente americano, Bolsonaro é uma vítima política e Alexandre de Moraes representa uma ameaça à democracia. Para Trump, apenas Bolsonaro teria a capacidade de derrotar Lula, o considerado ‘comunista’. Contudo, a expectativa de Trump pode não ser correspondida. Sua interferência nos assuntos internos do Brasil acabou por agravar ainda mais a situação de Bolsonaro.
Após Bolsonaro desobedecer a uma ordem que o proibia de acessar redes sociais, Moraes decidiu decretar sua prisão preventiva. Mas afinal, ele não desrespeitou as diretrizes? A ordem era clara: não apenas ele estava proibido de usar redes sociais, mas também de produzir conteúdo que pudesse ser disseminado por terceiros. Apesar disso, a pedido de seu filho Flávio, Bolsonaro acabou gravando um vídeo para um público em Copacabana, que não apenas o defendia, mas também criticava o Supremo.
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A gravação de Bolsonaro foi inicialmente postada nas redes por Flávio, alcançando milhares de visualizações, concretizando assim o descumprimento da ordem de Moraes. Após ser alertado, Flávio removeu o vídeo, mas a pergunta que fica é: ele realmente desconhecia a ordem? Ou apenas tomou essa atitude após receber advertências de advogados? E o próprio Bolsonaro, será que não sabia que sua mensagem ficaria disponível nas redes sociais? Gravar o vídeo apenas para guardar como lembrança parece uma justificativa bastante frágil.
Em meio a isso, os apoiadores de Bolsonaro tentam desviar a atenção do cerne da questão, ressaltando o direito à livre manifestação de pensamento. No entanto, é importante ressaltar que Bolsonaro tem a liberdade de expressar suas opiniões em entrevistas, mas não pode se valer de terceiros para veicular suas mensagens nas redes sociais, isso é um ponto crucial.
Bolsonaro teve a escolha de obedecer ou não à ordem de Moraes. Optou pela desobediência e, agora, deve arcar com as consequências. Já Moraes não tinha outra alternativa senão agir, caso contrário, sua credibilidade e a do tribunal poderiam ser seriamente comprometidas. Trump, por sua vez, pode instaurar tarifas comerciais em qualquer lugar do mundo que desejar, mas para libertar Bolsonaro de qualquer tipo de sanção, só mesmo com um ato extremo e impensável, como a movimentação de tropas e uma invasão ao Brasil. A irracionalidade de Trump, no entanto, não chega a esse ponto.