Protesto em Defesa de Jair Bolsonaro e Críticas ao STF
Mais de 40 mil pessoas lotaram a Avenida Paulista na tarde deste domingo, dia 7 de setembro, feriado da Independência, para expressar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O evento ocorre em meio ao julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o acusa de tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. Os manifestantes clamaram por anistia aos presos em decorrência dos ataques golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023.
O ambiente do protesto foi permeado por um forte tom religioso, com discursos e músicas que embalaram as falas do carro de som. Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, e o pastor Silas Malafaia fizeram discursos que ecoaram as críticas ao STF, com ênfase na figura do ministro Alexandre de Moraes, além de defender uma anistia ampla, geral e irrestrita.
Durante sua participação, Michelle Bolsonaro se destacou, aproveitando para reforçar sua presença no cenário político com falas que misturaram elementos religiosos e nacionalistas.
As críticas direcionadas ao STF foram unânimes entre os presentes. Com o ex-presidente em prisão domiciliar, seu discurso foi transmitido por meio dos aparelhos de som, representando uma continuidade das manifestações anteriores. Ana Lúcia de Sousa, uma aposentada de 62 anos, compartilhou sua opinião, afirmando: “Não acredito em uma suposta anistia light. A anistia precisa ser geral. É um esquecimento para deixarmos o passado para trás e seguirmos em frente, inclusive em relação aos absurdos cometidos pelo STF“.
Os apoiadores de Bolsonaro alegam que o julgamento, iniciado recentemente, é injusto. O ex-presidente e mais sete réus enfrentam acusações de cinco crimes cometidos entre 2022 e 2023, incluindo tentativa de golpe de Estado e associação criminosa armada. Para muitos manifestantes, o resultado do julgamento já é considerado uma certeza. José Luiz, analista de sistemas de 63 anos, criticou a cobertura televisiva do processo, afirmando que “é uma farsa, uma propaganda para a população”. Ele questionou a lógica da acusação, ressaltando que Bolsonaro estava nos Estados Unidos e já havia passado o comando militar para o atual presidente, Lula.
Em meio à agitação, Paulo José exibia uma bandeira dos Estados Unidos, acompanhada de um letreiro que dizia: “Go Trump, Brazil is with you”. Ele defendeu a relação entre as sanções políticas e a anistia, afirmando que “se o STF retirar as acusações, as tarifas acabam no dia seguinte”. O serralheiro, que fez o letreiro, elogiou o trabalho do deputado Eduardo Bolsonaro, enfatizando que as sanções estrangeiras são vistas como uma solução.
O clima do protesto também refletiu uma antecipação da corrida presidencial de 2026. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, esteve presente, participando de um desfile militar antes de se juntar aos manifestantes na Paulista. Ele criticou o STF e o ministro Moraes, chamando o julgamento de “farsa baseada em uma delação mentirosa”, e pediu que o Congresso vote a favor da anistia.
“Não podemos aceitar uma condenação sem provas. A anistia deve ser ampla e imediata”, bradou Tarcísio, relembrando que “o bem sempre vence o mal, e a vitória virá com Bolsonaro livre e de volta às urnas”. No entanto, sua postura não foi bem recebida por todos os apoiadores, que expressaram descontentamento com sua corrida presidencial.
Manifestações simultâneas ocorreram em várias capitais do Brasil, incluindo um ato na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde o senador Flávio Bolsonaro e o governador Cláudio Castro marcaram presença.
protestos Contrários à anistia e Defesas da Soberania Nacional
Enquanto isso, atos contrários à anistia também foram realizados em várias localidades. Na Praça da República, a apenas dois quilômetros da Paulista, centrais sindicais e movimentos populares se reuniram para defender a soberania nacional, com a participação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). A manifestação foi marcada pela união de bandeiras nacionais e pautas sociais, reforçando a oposição à agenda bolsonarista.
Esses protestos demonstram a polarização do país, refletindo uma divisão clara no 7 de setembro entre aqueles que pedem anistia e aqueles que defendem a responsabilização pelos atos golpistas. O cenário atual evidencia a complexidade da situação política brasileira à medida que o país se aproxima das futuras eleições.