Uma Estrutura Abandonada e Vandalizada
Um Boeing 767-200, pertencente à extinta companhia aérea Transbrasil, se tornou um ponto curioso em Taguatinga, situado à beira da Avenida Elmo Serejo. Com sua carcaça pichada e deteriorada, a aeronave ocupa um terreno baldio há mais de uma década, próximo ao Parque Ecológico Saburo Onoyama. Os empresários Almir Lopes, Charles Maryoshi e João Batista de Souza adquiriram o avião em 2014 com a intenção de transformá-lo em um restaurante, mas a ideia nunca saiu do papel.
Recentemente, um grupo de ciclistas decidiu explorar a antiga aeronave, gravando um vídeo que logo se espalhou nas redes sociais. As imagens revelam o interior do avião em estado deplorável, com poucos vestígios da estrutura originais ainda preservados. O Metrópoles visitou o local e constatou a completa deterioração da fuselagem e a presença de vandalismo. Desde fora, é possível observar o interior do avião pelos buracos na estrutura, onde também se acumulam detritos e fios expostos.
Um Ícone de Taguatinga em Declínio
Como parte de sua trágica transformação, a aeronave não possui turbinas nem trem de pouso, que foram removidos, e agora está apoiada em 12 estacas de aço às margens da pista, onde diariamente passam cerca de 200 mil pessoas. As inscrições originais em inglês foram substituídas por pichações, e o acesso à aeronave é dificultado pela falta de escadas, com muitas das janelas, incluindo a da cabine do piloto, quebradas. O som das chapas de aço nas asas, ao serem agitadas pelo vento, adiciona uma atmosfera de abandono ao local, que ainda abriga algumas corujas.
Na área onde o avião se encontra também operam uma floricultura e uma loja de açaí. Um funcionário da floricultura comentou que é comum ver curiosos se aproximando da aeronave, destacando que “muitas famílias vêm aqui, especialmente pais que querem mostrar o avião para os filhos”.
Das Nuvens ao Lixo: Uma História Trágica
A carcaça do Boeing, que pesa cerca de 82 toneladas, pertencia à Transbrasil, que encerrou suas atividades em 2001. Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) leiloou o avião por aproximadamente R$ 100 mil, junto a outros dois exemplares abandonados em aeroportos brasileiros. Estes estão à venda, inteiros ou como sucata, pesando a R$ 1,75 o quilo.
Em julho de 2014, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) foi chamada para remover componentes com radioatividade da aeronave. Foram retiradas duas peças com amerício-241, que medem a densidade do combustível e são comuns em aviões. Embora a operação tenha sido necessária, a Cnen assegurou que o material apresentava baixo risco à saúde.
Futuro Incerto para o Restaurante
O projeto original de transformar a aeronave em um restaurante parecia promissor, com ao menos três datas de inauguração agendadas entre 2016 e 2017. Infelizmente, o empreendimento nunca viu a luz do dia, e nenhum alvará foi solicitado à Administração Regional de Taguatinga. Apesar de ter passado por reformas, a iniciativa fracassou, em parte devido à crise financeira que afetou o setor.
Atualmente, o avião é de propriedade do empresário Charles Maryoshi, que também é dono da área onde o Boeing está estacionado e que mantém uma loja de plantas no local. De acordo com Charles, seus antigos sócios, Almir e João Batista, deixaram o projeto, mas possuem a chance de se envolver com o negócio futuramente. O destino do Boeing-restaurante ainda é incerto, mas o empresário promete que novidades serão reveladas em breve.