A adoção de práticas ESG (Ambientais, Sociais e de governança) se tornou um elemento imprescindível para garantir a sustentabilidade e a competitividade do agronegócio brasileiro. Em uma entrevista ao programa Ganhando o futuro, transmitido pelo Canal Rural, Eduardo Trevisan Gonçalves, que é diretor de ESG e certificações do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), enfatizou a fundamental importância de que os produtores rurais se organizem e planejem suas operações para se destacarem em um mercado cada vez mais exigente.
**Compreendendo ESG no Agronegócio**
ESG é um conceito que engloba três pilares essenciais para a operação eficiente de qualquer propriedade rural. No setor agropecuário, essas diretrizes se referem à gestão responsável dos recursos naturais, como a preservação de reservas legais, a proteção de cursos d’água e o descarte adequado de resíduos; ao bem-estar dos funcionários, que deve incluir condições de trabalho seguras e justas; e à adoção de práticas robustas de governança, que abranjam desde o planejamento sucessório até a conformidade com as legislações vigentes.
Segundo Trevisan, muitos estabelecimentos rurais que já seguiam normas de responsabilidade socioambiental agora estão apenas consolidando suas ações dentro do espectro do ESG. “Não estamos falando de uma novidade, mas sim de uma evolução das práticas de responsabilidade social e ambiental. Hoje, com a interconexão dos mercados, as boas práticas são ainda mais reconhecidas e valorizadas globalmente”, declarou ele.
**Vantagens e Desafios na Implementação de ESG**
A implementação de práticas ESG não se restringe apenas a grandes propriedades rurais. Pequenos e médios agricultores também têm a oportunidade de incorporar essas diretrizes, usufruindo de benefícios significativos, como segurança jurídica, acesso a mercados mais exigentes e melhorias na gestão de suas propriedades. “ESG é sinônimo de profissionalização. Atualmente, o produtor precisa ter clareza sobre seus custos, planejar suas safras e assegurar um ambiente de trabalho apropriado para todos os envolvidos”, explicou Trevisan.
Entretanto, a adesão às práticas ESG pode ser desafiadora, especialmente para agricultores de menor porte, que muitas vezes carecem de suporte técnico e financeiro para atender a todas as exigências. “O primeiro passo é um entendimento profundo da propriedade, incluindo o mapeamento das áreas de proteção, a regularização das questões trabalhistas e a estruturação adequada da governança”, ressaltou o especialista.
**Oportunidades no mercado Agropecuário**
O mercado está cada vez mais atento às práticas ESG ao firmar negócios no agronegócio. Trevisan indica que os produtores que adotam boas práticas têm acesso a mercados que oferecem melhores preços, fontes diferenciadas de financiamento e previsibilidade econômica. “Por exemplo, uma revenda de insumos tende a preferir negociar com produtores que têm uma gestão financeira sólida e risco diminuído de passivos trabalhistas e ambientais”, afirmou.
Além disso, a transparência nas operações e a aderência às normas ambientais não apenas facilitam as transações de compra e venda de propriedades rurais, mas também promovem uma imagem mais positiva dos produtores no mercado. Essa percepção de responsabilidade se traduz em oportunidades que podem ser decisivas para o crescimento e a conquista de novos clientes, além de contribuir para um futuro mais sustentável.
A mensagem é clara: a implementação de práticas ESG é um caminho viável e necessário para qualquer produtor rural que almeje sustentabilidade e competitividade. À medida que a demanda por práticas responsáveis aumenta, aqueles que se adaptam ao cenário ESG não só se destacam em um mercado global, mas também contribuem para um futuro agrícola mais sustentável e ético. Portanto, investir em ESG é, como se prova, uma escolha estratégica que racionaliza operações e promove um agronegócio mais forte e respeitável.