O Encanto do Birdwatching no Cerrado

O Distrito Federal abriga um verdadeiro tesouro ornitológico, com mais de 450 espécies de aves que despertam a curiosidade e o entusiasmo de amantes da natureza. Em meio ao Cerrado, um bioma repleto de diversidade, a prática de birdwatching se consagrou na região, especialmente através do grupo Observadores de Aves do Planalto Central — Observaves, fundado em 2005. A iniciativa visa promover a observação de aves em seus habitats naturais, capacitando participantes na identificação de espécies e elaboração de registros fotográficos durante as saídas de campo.

Marcelo Monteiro, aos 60 anos, é um dos fundadores do Observaves e sempre sonhou em capturar a beleza das aves em suas lentes. “Era um desejo antigo. Coloquei em prática assim que tive condições financeiras, mesmo quando ainda trabalhava com fotografia de filme, que era bastante cara na época”, recorda.

Encontros Mensais e Expansão do Grupo

Atualmente, o grupo conta com 212 participantes, não só do Brasil, mas também do exterior. João Rios, de 63 anos e um dos organizadores, explica como funcionam os encontros: eles acontecem no último domingo de cada mês, em parques, unidades de conservação e fazendas privadas. Além disso, há planos de expandir as atividades para regiões a até 350 km de distância do DF. “É uma forma de aproveitarmos ainda mais a riqueza da avifauna da nossa região”, destaca Rios.

Em parceria com o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), o Observaves está desenvolvendo materiais ecopedagógicos que abordam a importância da preservação dos habitats nativos. Um livro sobre as espécies deverá ser lançado em 2026, enriquecendo ainda mais o conhecimento sobre as aves do Cerrado.

Como Participar e Onde Observar Aves

Para quem deseja se juntar ao Observaves, não há requisitos formais como formação acadêmica. Qualquer pessoa interessada pode entrar em contato através do Instagram @observavesdf_oficial ou pelo WhatsApp de João Rios, no número (61) 9975-7936. O processo é simples: um formulário rápido deve ser preenchido para a inclusão no grupo.

Brasília oferece diversos locais ideais para a observação de aves, como o Parque Olhos D’Água, o Jardim Botânico e o Parque Ecológico de Águas Claras. Outro ponto de interesse é o Parque Nacional de Brasília, que possui um guia de observação lançado em 2011 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da biodiversidade (ICMBio), com orientações sobre as espécies locais e dicas de como fotografá-las sem prejudicar o ambiente. O guia está acessível no site do governo.

O Jardim dos Beija-Flores e a Paixão pela Natureza

Em Planaltina, o Jardim dos Beija-Flores se destaca como um espaço que encanta os praticantes de birdwatching. Criado por Thiago Tolêdo, que abandonou a carreira de piloto de avião para se dedicar à natureza, o jardim é um reflexo de sua paixão pela fotografia e pela observação de aves. Desde 2017, Thiago e sua esposa, Laiz, plantam flores para atrair beija-flores, e em 2020 abriram o espaço para visitação.

O jardim recebe grupos de até seis pessoas que podem observar e fotografar as aves em dois horários do dia: das 10h às 12h e das 16h às 18h, quando os beija-flores estão mais ativos. As visitas devem ser agendadas pelo WhatsApp de Thiago: (61) 99968-9114, e o preço varia conforme o dia.

A Importância do Birdwatching para o Meio Ambiente

Além de proporcionar uma experiência enriquecedora, o birdwatching é visto como uma ferramenta valiosa para a conservação ambiental. O biólogo e professor da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Bomfim, comenta que a observação de aves incentiva a conservação dos habitats. “Se gostamos de ver e ouvir as aves, precisamos proteger seus ambientes”, afirma.

Os benefícios do birdwatching vão além da conservação; a prática contribui para o bem-estar humano. Segundo o professor, atividades regulares de observação ajudam na redução do estresse e da ansiedade. Roberto Brandão, especialista em ecologia da UnB, reforça que o hobby promove o conhecimento e a empatia pela natureza, destacando a necessidade de preservar os ambientes naturais.

Para o observador Rodrigo D’Alessandro, de 50 anos, listar as espécies também é vital. “As listas podem servir como referência para outros observadores e auxiliar em pesquisas sobre a avifauna da região”, conclui.

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