Reconhecimento do Estado Palestino
O governo da Austrália anunciou que reconhecerá oficialmente um Estado palestino durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro. A confirmação foi feita pelo primeiro-ministro trabalhista Anthony Albanese, que ressaltou que uma solução de dois Estados – Palestina e Israel – representa a “melhor esperança da humanidade” para quebrar o ciclo de violência no Oriente Médio, assim como para pôr fim ao conflito, ao sofrimento e à fome em Gaza.
A declaração de Albanese surge logo após o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu criticar a Austrália e outras nações europeias, referindo-se a elas como “vergonhosas” por considerarem o reconhecimento da Palestina. Albanese revelou que conversou com Netanyahu na semana passada e enfatizou que “a situação em Gaza superou os piores temores do mundo”, mencionando a elevada taxa de civis mortos.
De acordo com informações do The Guardian, mais de 60 mil civis perderam a vida durante a intensa campanha de bombardeios israelenses em Gaza. Esse número alarmante é resultado do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1,2 mil israelenses mortos e muitos outros como reféns.
Apoio Internacional
Em sua declaração, Albanese mencionou que a Austrália reconhecerá o direito do povo palestino a um Estado, com base nos compromissos que o país recebeu da Autoridade Palestina. “Trabalharemos junto à comunidade internacional para tornar esse direito uma realidade”, afirmou o primeiro-ministro.
A ministra das Relações Exteriores, Penny Wong, acompanhou Albanese em sua fala, destacando que “não podemos nos dar ao luxo de esperar pelo fim de um processo de paz há muito paralisado”. Ela enfatizou que os civis palestinos não devem pagar o preço pela derrota do Hamas, mencionando que “uma população inteira foi destruída”. Assim, em setembro, a comunidade internacional terá a oportunidade de criar esperança a partir da desolação, aproveitando os novos compromissos da Autoridade Palestina e apoiando os esforços da Liga Árabe para isolar o Hamas.
A decisão do governo australiano provocou reações diversas. O Conselho Executivo dos Judeus Australianos (ECAJ) classificou a ação como uma “traição” e uma “decepção”. O porta-voz de defesa da coalizão, Angus Taylor, também se manifestou, descrevendo a decisão como “prematura” e afirmando que a medida recompensaria o Hamas.
A mudança de posição da Austrália coincide com promessas de reconhecimento feitas por outros países, como França, Canadá e Reino Unido, nos últimos dias, em meio a um crescente movimento internacional em favor de um Estado palestino e à condenação da campanha militar israelense em Gaza, que inclui planos de ocupação militar de toda a região. O cenário de constante tensão e a urgente necessidade de uma solução pacífica tornam o reconhecimento do Estado palestino um tema central na diplomacia global.