Preocupações com o Ajuste Tarifário
No contexto da discussão acirrada sobre o aumento das tarifas de ônibus no Entorno, um relatório recentemente elaborado pelo Grupo de Trabalho (GT) do Ministério dos Transportes, em colaboração com os governos do Distrito Federal e Goiás, revela insights alarmantes. O documento, acessado pelo Metrópoles por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), propõe estratégias de gestão para o sistema de transporte que precisam ser urgentemente consideradas.
Uma das conclusões mais impactantes do relatório indica que os constantes aumentos nas tarifas podem, de fato, “provocar manifestações pontuais”, colocando uma pressão adicional sobre o funcionamento do transporte e comprometendo a legitimidade do governo federal na administração do sistema de transporte semiurbano. Essa percepção é particularmente preocupante em um cenário já marcado por tensões sociais.
O relatório também analisa a situação financeira dos usuários, destacando que a tarifa atual do sistema de transporte do Entorno é “extremamente elevada”. Os números são reveladores: muitos passageiros enfrentam tarifas que variam entre R$ 6,75 e R$ 11,70, valores significativamente mais altos do que os pagos no Distrito Federal. Essa discrepância tem gerado uma sensação de injustiça entre os usuários, que, segundo o documento, são, em sua maioria, cidadãos de renda relativamente baixa.
Um Custo Alto para o Dia a Dia
A análise do GT enfatiza o peso que essas tarifas elevadas colocam no bolso do trabalhador. Considerando um trajeto de ida e volta, o custo diário pode chegar a até R$ 23,40, um valor que muitos não conseguem arcar sem comprometer outras áreas de suas vidas financeiras.
Outro ponto destacado pelo relatório é a urgência da implementação de novas tecnologias no sistema de transporte do Entorno. “É imprescindível estimular o uso de tecnologias disponíveis e amplamente utilizadas no setor de transporte coletivo em todo o mundo”, sugere o documento, ressaltando a importância da bilhetagem eletrônica. Essa mudança poderia não apenas facilitar o processo de pagamento, mas também aumentar a eficiência operacional do sistema.
Recomendações para Melhorar o Sistema de Transporte
Para mitigar os efeitos negativos das tarifas elevadas, o GT recomenda a criação de um consórcio interfederativo. Essa proposta visa unir esforços entre a União, os governos do DF e Goiás, e, possivelmente, municípios interessados em participar da iniciativa. O consórcio teria o objetivo de administrar o sistema de transporte semiurbano de maneira mais eficaz, assegurando que a tarifa cobrada não ultrapasse o teto vigente no Sistema de Transporte Público Coletivo do DF (STPC-DF).
Para viabilizar essa proposta, o relatório sugere que os governos do DF e Goiás absorvam parte dos custos do transporte, com a possibilidade de um município também contribuir financeiramente. Além disso, a participação da União no consórcio seria fundamental, assumindo a responsabilidade por obras de infraestrutura, sistemas de apoio ao usuário e tecnologia necessária para o funcionamento adequado do sistema.
Composição do Grupo de Trabalho
O Grupo de Trabalho que elaborou o relatório é composto por representantes da União, incluindo a Secretaria Nacional de Transportes Rodoviários (SNTR), a Subsecretaria de Parcerias (SPAR) do Ministério dos Transportes (MT), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Infra S.A. O Estado de Goiás é representado pela Secretaria de Estado do Entorno do Distrito Federal de Goiás (SEDFGO) e pela Secretaria-Geral do Governo de Goiás (SGG). O Distrito Federal é representado pela Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade (Semob-DF).
Congelamento das tarifas e a Urgência de Ação
Desde fevereiro, um aumento de 2,91% nas tarifas dos ônibus do Entorno está suspenso, com um novo pedido feito para prorrogar essa suspensão até 21 de setembro. Se o consórcio não for constituído até essa data, as tarifas estão sujeitas a um novo reajuste. Essa situação gera ansiedade entre os usuários, que temem um impacto ainda maior em seus orçamentos diários.
Em suma, as autoridades enfrentam um desafio complexo: como equilibrar a necessidade de recursos para o sistema de transporte com a realidade financeira dos usuários, sem provocar agitações sociais que podem desestabilizar ainda mais a região. A busca por soluções deve ser uma prioridade.