Grande Mobilização pela anistia na Avenida Paulista
A Avenida Paulista foi o cenário de uma significativa manifestação no Sete de Setembro, reunindo aproximadamente 42,2 mil pessoas, conforme cálculos do Monitor do Debate Político no Brasil, uma iniciativa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Universidade de São Paulo (USP). O ato se concentrou em reivindicar a anistia para Jair Bolsonaro (PL), seus aliados políticos e demais indivíduos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro.
Considerando uma margem de erro de 12%, a estimativa de público circulou entre 37,1 mil e 47,3 mil participantes. “Utilizamos fotos aéreas analisadas por um software de inteligência artificial. Em comparação com o ato do ano passado, que registrou 45,4 mil pessoas, a metodologia aplicada neste ano mostrou um crescimento significativo”, afirmou o Monitor em nota.
A contagem foi realizada a partir de imagens tiradas em três horários diferentes: 15h05, 16h03 e 16h40, totalizando 47 fotos. O momento de pico da manifestação foi considerado à 16h03, a partir do qual 15 imagens foram selecionadas para a análise. O método utilizado foi o Point to Point Network (P2PNet), que usa redes neurais para calcular o número de pessoas em aglomerações a partir de fotografias.
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Demandas e Presenças de Líderes Políticos
As principais reivindicações da manifestação incluíram pedidos por uma “anistia ampla e irrestrita” e a possibilidade de retorno de Jair Bolsonaro na disputa presidencial de 2026. Vale lembrar que atualmente, o ex-presidente encontra-se inelegível até 2030, devido a uma condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político.
Eventos semelhantes ocorreram em diversas cidades do Brasil nesse domingo. Filhos de Bolsonaro, como o senador Flávio Bolsonaro, compareceram ao ato no Rio de Janeiro. Em São Paulo, Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama e atual presidente do PL Mulher, foi uma das figuras-chave que discursaram e encerraram a manifestação na Avenida Paulista.
Desde o dia 4 de agosto, Bolsonaro está sob prisão domiciliar, e uma das proibições impostas é a de participar de atos públicos, seja diretamente ou através de representantes. Tal restrição foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) e está entre as medidas cautelares que podem ser alteradas em caso de violação dessas normas.
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Embora Bolsonaro seja réu em um processo relacionado à tentativa de golpe, sua prisão domiciliar está ligada a outro andamento no STF. Trata-se de um inquérito que investiga ações do deputado Eduardo Bolsonaro nos EUA, com suposta participação do ex-presidente para pressionar o Supremo a arquivar a investigação principal. Ambos enfrentam acusações de coação ao processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Desdobramentos Judiciais e Possibilidade de anistia
A manifestação teve início às 14h e contou com a presença de figuras políticas influentes, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, e o pastor Silas Malafaia, que foi um dos organizadores principais, também estiveram presentes.
No dia 2 de setembro, começou o julgamento da ação penal que envolve Jair Bolsonaro e mais sete aliados. Este caso é considerado inédito e tem repercussões internacionais, sendo a primeira vez que um ex-presidente e militares de alta patente podem ser condenados por tentar atacar a democracia. As acusações incluem tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, com penas que podem somar até 43 anos.
Enquanto a situação jurídica se desdobra, a pressão pela anistia cresce. Circula uma minuta de proposta de anistia, elaborada pelo líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que pede amplas garantias. O projeto ainda não foi protocolado, mas as mobilizações para que a Câmara coloque a questão em votação estão em andamento. Para se tornar lei, a proposta exigirá a aprovação do Senado e a sanção do presidente Lula. É importante ressaltar que vetos presidenciais podem ser derrubados pelo Congresso, mas o STF também pode ser chamado a analisar a constitucionalidade da medida.
A proposta de anistia visa fornecer perdão a indivíduos investigados por tentativa de golpe de Estado e busca reverter a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, permitindo sua participação nas eleições de 2026.