O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta segunda-feira (19) com o ex-chanceler Celso Amorim, que atualmente é assessor da Presidência da República para assuntos internacionais.
O encontro ocorre no Palácio da Alvorada – residência oficial da Presidência – após Israel declarar Lula “persona non grata” no país.
O governo israelense tomou a medida depois que o petista comparou, durante entrevista na Etiópia neste domingo (18), a reação de Israel contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus promovido pelo nazista Adolf Hitler.
À colunista do g1 Andréia Sadi, Celso Amorim classificou como “coisa absurda” a decisão israelense de declarar Lula ‘persona non grata’ – medida utilizada nas relações internacionais para indicar que um representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo no país.
A declaração foi uma das reações israelenses à fala de Lula. O governo de Israel também anunciou a convocação do embaixador do Brasil no país para uma “dura conversa de repreensão” sobre a fala do petista.
Em Adis Abeba, Lula foi questionado pela imprensa sobre a decisão de alguns governos ocidentais de suspender repasses financeiros a uma agência da ONU que presta auxílio a refugiados palestinos.
Esses países suspenderam os aportes depois de Israel acusar funcionários da agência de um suposto envolvimento com os ataques terroristas promovidos pelo Hamas contra territórios israelenses.
Lula criticou a suspensão e, na resposta a uma jornalista, afirmou: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”.
A declaração do presidente brasileiro repercutiu rapidamente. Em nota, a Confederação Israelita do Brasil repudiou a fala, e disse que a afirmação era uma “distorção perversa da realidade”.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse, em uma rede social, que as palavras de Lula são “vergonhosas e graves”. O premiê também declarou que a afirmação banaliza o Holocausto – genocídio promovido na Segunda Guerra Mundial contra cerca de seis milhões de judeus.
O conflito entre o grupo terrorista Hamas e Israel, que já deixou milhares de civis mortos, foi um dos principais temas abordados por Lula nas reuniões de que participou durante a viagem ao Egito e à Etiópia, a segunda visita do petista ao continente africano neste terceiro mandato.
No Egito, ao lado do presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, Lula pediu paz no Oriente Médio e afirmou que Israel parece ter a “primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas”.
Já na Etiópia, no sábado (17), Lula se encontrou com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh.
Segundo o Palácio do Planalto, na reunião com o palestino, o petista condenou ataques do Hamas e reiterou a necessidade de paz no Oriente Médio, com a criação de um Estado Palestino. Conforme o governo brasileiro, Shtayyeh agradeceu a Lula pela solidariedade com o povo palestino.
Em discurso na 37ª Cúpula da União Africana, Lula tocou novamente no assunto. Ele voltou a condenar ataques do grupo terrorista Hamas a Israel, mas classificou como “desproporcional” a resposta israelense aos ataques, com a morte de milhares de civis.
Para Lula, a crise no Oriente Médio só será resolvida com a criação de um estado Palestino “soberano” e “membro pleno” da Organização das Nações Unidas (ONU).