Reações em Moscou às Novas Ameaças de Trump
No dia 14 de julho, durante uma declaração no Salão Oval, Donald Trump adotou um tom incisivo ao anunciar o envio de novos armamentos dos Estados Unidos para a Ucrânia, com financiamento de governos europeus. Além disso, Trump expressou a intenção de implementar novas tarifas, as quais, se forem colocadas em prática, poderão impactar severamente o orçamento destinado à guerra na Rússia.
Curiosamente, a reação do mercado financeiro moscovita foi de otimismo, com a bolsa de valores local apresentando uma alta de 2,7%. Essa reação deve-se ao fato de que a Rússia esperava sanções ainda mais severas a partir da administração Trump.
O tabloide Moskovsky Komsomolets, em sua edição de segunda-feira, alertou que “Rússia e Estados Unidos estão caminhando para uma nova onda de confrontos em razão da situação na Ucrânia“. O veículo ainda acrescentou que “a surpresa de Trump não será bem recebida por nosso país”.
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Embora o anúncio não tenha sido positivo, existe um aspecto que trouxe alívio à Rússia. As tarifas secundárias destinadas a seus parceiros comerciais só entrarão em vigor após um prazo de 50 dias. Esse intervalo possibilita a Moscou um tempo crucial para elaborar contramedidas e postergar a implementação das sanções, caso necessário.
Implicações e Posturas de Moscou
Entretanto, a declaração de Trump não deixa de ser um indicativo de uma abordagem mais firme em relação à Rússia, refletindo também sua frustração com a hesitação de Vladimir Putin em aceitar um acordo de paz.
Quando retornou à Casa Branca no início do ano, Trump tinha como prioridade a resolução do conflito na Ucrânia. Contudo, a resposta de Moscou foi ambivalente, com um “Sim, mas…” que se tornou um mantra em sua diplomacia.
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Em março, por exemplo, a Rússia manifestou entusiasmo com a proposta de cessar-fogo de Trump, mas impôs condições, exigindo que o apoio militar e a troca de informações com Kiev fossem interrompidos, assim como a mobilização das forças armadas ucranianas. A insistência de Moscou em buscar paz contrasta com suas demandas que visam deslegitimar as preocupações de segurança de Kiev e do Ocidente.
Enquanto a Rússia argumenta que a guerra é uma resposta a ameaças externas, é essencial lembrar que, em fevereiro de 2022, não foram as forças ocidentais que invadiram a Rússia. Foi Moscou, que iniciou uma invasão em larga escala contra a Ucrânia, desencadeando o maior conflito terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Estratégia e Expectativas Russas
A estratégia adotada por Moscou de “Sim, mas…” permitiu ao país evitar novas sanções por um período, ao mesmo tempo em que a guerra prosseguia. Na busca por melhorar as relações e negociar a paz, a administração Trump optou por oferecer incentivos, em vez de ameaças, durante os diálogos com autoridades russas.
Céticos da abordagem russa advertiram que essa tática visava, na verdade, ganhar tempo. Apesar disso, Trump parecia acreditar que poderia convencer Putin a chegar a um acordo. No entanto, o Kremlin não demonstra pressa. Eles se sentem confiantes em sua posição militar e afirmam que desejam a paz — mas, crucialmente, em seus próprios termos.
Essas condições incluem a interrupção dos envios de armamentos ocidentais para a Ucrânia. No entanto, a mensagem clara de Trump é que essa interrupção não ocorrerá. O presidente americano expressou descontentamento em relação a Putin, mas é importante notar que essa desilusão é mútua.
Na mesma edição do Moskovsky Komsomolets, foram mencionadas críticas a Trump, sugerindo que ele “claramente sofre de delírios de grandeza e fala demais”. Com isso, as tensões entre os dois países permanecem elevadas, à medida que ambos os lados tentam navegar em um cenário político complexo e volátil.