Na última segunda-feira, dia 16, Andy Jassy, CEO da Amazon, anunciou que a partir de janeiro de 2025, todos os funcionários da gigante do e-commerce deverão retornar ao trabalho presencial, com carga diária de cinco dias por semana no escritório. Essa decisão destaca a Amazon como uma das poucas grandes empresas de tecnologia a adotar um modelo tão rigoroso de reestruturação laboral. Enquanto a maioria dos seus pares no setor tecnológico tem se afastado do trabalho totalmente presencial, Jassy segue na contramão, reforçando a importância da interação face a face nas atividades diárias da empresa.
De acordo com o Flex Index, um banco de dados que monitora políticas de trabalho flexíveis, somente 7% das grandes corporações do setor tecnológico, que empregam pelo menos 1.000 funcionários, exigem que seus colaboradores estejam presentes todos os dias em seus escritórios. Esse percentual tem diminuído nos últimos 18 meses, evidenciando uma tendência crescente por modelos de trabalho híbrido. No início de 2023, 13% dessas empresas adotavam a exigência de presença diária, porém essa taxa caiu ao longo do ano.
É importante notar que poucos líderes de grandes empresas estão seguindo o caminho de Jassy. Corporations como Tesla e NCR são algumas das raras exceções que demandam que seus colaboradores trabalhem no escritório diariamente. A maioria das empresas, incluindo nomes de peso como Apple e Meta, tem adotado políticas mais flexíveis, exigindo a presença presencial de dois a três dias por semana — ingrediente que igualmente se aplicava à Amazon até este recente anúncio.
“A Amazon é, sem dúvida, a maior companhia de tecnologia a implementar essa política de retorno ao escritório em tempo integral”, comenta Rob Sadow, fundador e CEO da Scoop Technologies, uma empresa especializada em software para gerenciamento de trabalho híbrido. Esse retorno ao modelo tradicional pode influenciar outras corporações na indústria, uma vez que 33% das empresas americanas atualmente requerem alguma forma de trabalho presencial, conforme apontado por dados do Flex Work. Sadow também sugere que essa movimentação pode incitar uma reavaliação das políticas de trabalho por parte de outras companhias no setor.
Além de reverter para um regime de trabalho presencial, a decisão de Jassy faz parte de um plano mais amplo destinado a otimizar a estrutura organizacional da Amazon, buscando eliminar burocracias que dificultam a eficiência interna. O CEO expressou a intenção de “fortalecer nossa cultura e equipes”, conforme mencionado em sua comunicação oficial. Como parte dessas mudanças, Jassy propôs que cada gerente executivo aumente a proporção de colaboradores individuais em relação aos gerentes em pelo menos 15% até o início do próximo ano, o que provavelmente resultará numa redução do número de cargos gerenciais e uma descentralização da tomada de decisões.
O CEO também enfatizou os benefícios do trabalho presencial no fortalecimento da cultura corporativa da Amazon, ressaltando que, após 15 meses de trabalho híbrido com três dias presenciais, a expectativa é que a nova política de cinco dias por semana no escritório facilite a aprendizagens e a construção de laços dentro da equipe. Brian Elliott, ex-vice-presidente sênior do Slack e atualmente diretor executivo da coalizão de pesquisa Future Forum, corroborou a visão de Jassy, mencionando que estudos indicam que trabalhadores em regimes híbridos costumam apresentar níveis de engajamento superiores em comparação a outros formatos de trabalho, o que tem implicações diretas na cultura organizacional.
Adicionalmente, Jassy deixou claro que haverá espaço para flexibilizações nas novas diretrizes, permitindo exceções para situações como questões de saúde, visitas a clientes ou quando os funcionários precisarem de “um ou dois dias para se concentrar em tarefas específicas em um ambiente mais isolado”. A política também prevê a reintrodução de mesas designadas para cada profissional, criando um ambiente organizado e propício à colaboração.
Essa mudança de paradigma nas políticas de trabalho da Amazon reflete uma tendência mais ampla no mercado de trabalho contemporâneo, onde o equilíbrio entre flexibilidade e colaboração se torna cada vez mais crucial para a produtividade e bem-estar dos funcionários. Essa decisão pode, portanto, marcar um novo capítulo para as dinâmicas corporativas na era pós-pandemia, à medida que empresas de todos os setores consideram como manter suas forças de trabalho motivadas e engajadas.