Retorno à Normalidade na Região do Pacífico
Na última quarta-feira, 30, um alívio tomou conta da costa do Pacífico após o levantamento dos alertas de tsunami, que foram emitidos após um potente terremoto na Rússia. Este evento natural, com magnitude de 8,8, ocorreu às 23h24 GMT de terça-feira, a 20,7 km de profundidade e a 126 km da costa de Petropavlovsk-Kamchatskiy, na região administrativa russa de Kamchatka, conforme informações do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
A situação levou mais de 10 países, incluindo Estados Unidos, Japão, Equador, México e Colômbia, a recomendar que seus cidadãos permanecessem longe das áreas costeiras para evitar riscos. No Equador, por exemplo, as autoridades fecharam parques nacionais e evacuaram praias, docas e locais mais baixos nas Ilhas Galápagos, que estão a cerca de 1.000 km do continente.
Relatos de moradores indicaram que o nível do mar apresentou variações, com uma descida seguida de uma súbita elevação, um sinal típico antes da chegada de um tsunami. Entretanto, o fenômeno gerou apenas um aumento de pouco mais de um metro, o que felizmente não resultou em danos significativos. “Estamos todos tranquilos, de volta ao trabalho. Os restaurantes reabriram, assim como os espaços turísticos”, disse Isabel Grijalva, uma residente da ilha de Santa Cruz.
Evacuação em Massa e Medidas de Segurança
O Chile também se preparou para o pior, evacuando a Ilha de Páscoa, que abriga cerca de 7 mil pessoas. De acordo com o Ministério do Interior chileno, essa foi “talvez a evacuação mais maciça” já realizada no país, com 1,4 milhão de pessoas sendo retiradas das zonas costeiras. No Peru, 65 de seus 121 portos ao longo do Pacífico foram fechados, enquanto autoridades da Guatemala, Costa Rica, El Salvador e Panamá alertaram a população para evitar atividades aquáticas nas costas.
O alerta de tsunami para a costa do Pacífico mexicano foi suspenso às 19h17 GMT. A presidente Claudia Sheinbaum, de forma tranquila, assegurou à população que “não há nenhum dano”, durante uma coletiva de imprensa.
Impactos na Rússia e Comparações com Eventos Passados
No extremo leste da Rússia, a cidade portuária de Severo-Kurilsk sofreu com a força das ondas. Um tsunami inundou a localidade, submergindo uma unidade de produção pesqueira e avançando até 400 metros terra adentro, com ondas que chegaram a quatro metros de altura, atingindo até um memorial da Segunda Guerra Mundial. O prefeito da região, Alexander Ovsiannikov, confirmou que cerca de 2 mil pessoas foram evacuadas. “Por sorte, havíamos deixado uma mala com água e roupas perto da porta. Rapidamente a pegamos e corremos. Foi assustador”, relatou uma residente de Kamchatka.
Embora o tremor tenha sido o mais forte desde o que ocorreu em 2011 na costa japonesa, o impacto físico foi relativamente contido. O terremoto de 9,1 que atingiu o Japão, por exemplo, gerou um tsunami devastador que resultou em mais de 15.000 mortes. Agora, o Japão havia inicialmente emitido um alerta de evacuação para quase 2 milhões de pessoas, mas o mesmo foi levantado na noite de quarta-feira. Funcionários da usina nuclear de Fukushima, que ainda se recupera dos efeitos do tsunami de 2011, foram evacuados como medida de precaução.
Atenção à Atividade Sísmica e Vulcânica
O Centro americano de Alerta de Tsunamis do Pacífico havia advertido sobre a possibilidade de ondas de um a três metros afetando as costas de países como Chile, Costa Rica, Polinésia Francesa e Guam, mas posteriormente suspendeu o alerta para o Havaí, que experimentou congestionamentos devido à fuga da população para áreas mais altas.
A península de Kamchatka, conhecida por sua baixa densidade populacional, é um ponto crítico de colisão das placas tectônicas do Pacífico e da América do Norte, o que a torna uma das regiões mais ativas em termos sísmicos no planeta. Cientistas russos relataram que o vulcão Klyuchevskoy entrou em erupção logo após o terremoto. O tremor inicial, apontado como o mais potente na região desde 1952, foi seguido por seis réplicas, aumentando a inquietação entre os habitantes locais. O USGS estima uma probabilidade de 59% de que ocorram réplicas superiores a 7,0 nos próximos dias.