Acordo entre Oposição e Motta põe fim à Ocupação do Congresso
Após dois dias intensos de ocupação, parlamentares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro chegaram a um entendimento com Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados. O desfecho do ato de protesto foi anunciado após negociações que visavam o retorno à normalidade nas atividades legislativas.
Segundo o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, o acordo contempla a discussão sobre o fim do foro privilegiado e a anistia dos participantes dos tumultos ocorridos no dia 8 de janeiro. Essas propostas estão incluídas no que se denomina “pacote da paz”, um esforço para pacificar as tensões políticas atuais.
Entretanto, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ficou de fora das negociações, assim como a anistia para todos os que foram envolvidos nas manifestações violentas. Embora tenha concordado com o pacto, Motta não assumirá a responsabilidade pela articulação dos votos, tarefa que ficará a cargo das siglas União Brasil e Progressistas.
Desde a última terça-feira, dia 5, as duas Casas Legislativas estavam em obstrução. O foco dos parlamentares era a solicitação de uma anistia ampla, especialmente em um momento em que Jair Bolsonaro teve sua prisão domiciliar decretada devido ao descumprimento de medidas cautelares em relação ao caso do 8 de janeiro. Durante a ocupação, os deputados e senadores protestaram, colando esparadrapos em suas bocas, simbolizando uma crítica à censura nas discussões políticas. Como resultado, as sessões da Câmara e do Senado foram suspensas.
Com a obstrução finalmente encerrada, Hugo Motta retomou a presidência da Câmara e deu início à sessão plenária. Em um discurso que durou cerca de dez minutos, Motta enviou uma mensagem aos opositores: “O país deve estar em primeiro lugar, e não projetos pessoais”. Ele ressaltou que as manobras de obstrução não contribuíram para o bom andamento da Casa e reconheceu o direito da oposição de se manifestar e expressar suas opiniões.
Esses eventos refletem as tensões contínuas no cenário político brasileiro, onde as discussões sobre direitos e responsabilidades se entrelaçam com a necessidade de estabilidade legislativa. O desfecho da ocupação é um passo importante, mas a polarização continua a ser uma realidade a ser enfrentada pelos parlamentares.