Na última quinta-feira, os mercados globais enfrentaram uma queda acentuada, enquanto o dólar americano experimentou uma valorização significativa. Essa movimentação reflete a crescente aversão ao risco por parte dos investidores, que estão buscando ativos considerados “portos seguros” diante das incertezas geopolíticas. O principal fator que gerou essa inquietação foi o aumento das preocupações sobre o potencial envolvimento dos Estados Unidos em um conflito aéreo entre israel e Irã, o que, por sua vez, provocou uma alta no preço do petróleo. A cotação do barril de petróleo subiu cerca de 11% ao longo da semana, atingindo um nível próximos a US$ 77,40, o maior desde janeiro.
No cenário político, o presidente Donald trump deixou os mercados em estado de expectativa ao insinuar, em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, que os EUA poderiam se envolver nas ações militares de israel contra instalações nucleares no Irã. “Posso fazer isso. Posso não fazer isso”, foram suas palavras, que deixaram a comunidade financeira em dúvida sobre a posição americana. A incerteza sobre a situação geopolítica e os possíveis desdobramentos de um conflito mais amplo aumentam as preocupações sobre a segurança do fornecimento de energia global e os impactos no crescimento econômico.
Na europa, a situação não foi diferente, com as ações do continente caindo pelo terceiro dia consecutivo. O índice STOXX 600 registrou uma queda de quase 2,5% na semana, marcando sua maior desvalorização semanal desde a turbulência causada pelas tarifas comerciais impostas por trump em abril. Enquanto isso, os futuros do S&P 500 nos Estados Unidos caíram 0,5%, embora a maioria dos mercados, incluindo Wall Street e o mercado de títulos do Tesouro, estivesse fechado devido a um feriado.
Kyle Rodda, analista sênior de mercados financeiros, comentou que os participantes do mercado continuam a demonstrar nervosismo e incerteza, exacerbados por especulações de uma possível intervenção militar dos EUA no oriente médio. Tal ação poderia desencadear uma retaliação do Irã, potencialmente ampliando o conflito regional e afetando ainda mais o fornecimento de petróleo e a economia global.
Adicionalmente, o desempenho do ouro, tradicionalmente considerado um ativo de refúgio, também foi impactado pela valorização do dólar. O metal precioso viu suas perdas anteriores se reduzirem e foi negociado a US$ 3.372 a onça, apresentando uma leve alta de 0,1% no dia. Por sua vez, o dólar se valorizou, resultando em uma queda de 0,1% no euro, que ficou cotado a US$ 1,1466. O dólar australiano e o neozelandês, que são moedas mais arriscadas, também enfrentaram desvalorizações de 0,7% e 1%, respectivamente.
No que diz respeito à política monetária, o Federal Reserve dos EUA enviou sinais mistos aos mercados ao decidir manter as taxas de juros estáveis, conforme esperado. Apesar das pressões de trump, as autoridades monetárias do Fed mantiveram suas projeções de dois cortes de 25 pontos percentuais nas taxas ainda este ano. O presidente do Fed, Jerome Powell, manifestou cautela quanto a novas flexibilizações, citando a expectativa de uma inflação “significativa” decorrente das agressivas tarifas comerciais implementadas pelo governo.
Por outro lado, a resposta dos bancos centrais na europa também refletiu as incertezas econômicas. O Banco da Inglaterra optou por manter as taxas de juros inalteradas, alertando que a incerteza em torno da política comercial ainda prejudicaria a economia, resultando em uma desvalorização da libra esterlina. O Norges Bank surpreendeu os mercados com um corte de um quarto de ponto percentual, o que impactou negativamente a coroa norueguesa. Já o Banco Nacional Suíço cortou as taxas de juros para zero, mas não as reduziu abaixo desse patamar, o que acabou fortalecendo o franco suíço.
Nos mercados de commodities, a platina atingiu seu nível mais alto em quase 11 anos, chegando perto de US$ 1.300 a onça, impulsionada pela demanda de consumidores em busca de alternativas mais acessíveis ao ouro. Essa dinâmica no mercado de metais preciosos e energéticos reflete não apenas as tensões geopolíticas, mas também as complexas interações entre política monetária e condições econômicas globais.