Atualização Importante: Na terça-feira, 17 de junho, a Polícia Federal (PF) corrigiu informações anteriormente divulgadas sobre o ex-presidente Jair bolsonaro (PL). Ao contrário do que foi amplamente reportado, bolsonaro não figura na lista de indiciados relacionada ao caso conhecido como “abin Paralela”. Fontes da PF confirmaram ao Metrópoles que houve um erro na comunicação com a imprensa. O relatório da investigação sugere que o ex-presidente poderia ter se beneficiado das práticas investigadas; no entanto, por razões técnicas, ele não foi incluído entre os indiciados.
Entre os indiciados estão figuras proeminentes, como o vereador Carlos bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (abin), deputado federal Alexandre ramagem (PL-RJ), e o atual diretor da abin, Luiz Fernando Corrêa. Além dessas personalidades, outras 31 pessoas também foram mencionadas no processo.
A PF enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) as conclusões do inquérito que investiga a suposta estrutura ilegal de espionagem dentro da abin, o que ficou conhecido como “abin Paralela”. O inquérito foca na alegada utilização da abin para monitorar adversários políticos e opositores do ex-presidente bolsonaro entre os anos de 2019 e 2021, durante a administração de Alexandre ramagem na agência.
A investigação revelou que a espionagem paralela foi realizada com o auxílio do software de inteligência israelense chamado First Mile, que foi adquirido durante a gestão do ex-presidente Michel Temer. Este software é capaz de rastrear a localização de indivíduos a partir de dados obtidos por torres de telecomunicações, o que levanta questões sérias sobre privacidade e abusos de poder.
Em uma operação realizada em janeiro, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou buscas em endereços vinculados a Carlos bolsonaro, buscando compreender a dinâmica de atuação do grupo. Naquela ocasião, agentes da PF identificaram quatro núcleos que teriam se envolvido em atividades irregulares, incluindo pessoas próximas ao ex-presidente.
A operação também visava desmantelar o núcleo político da organização, que, além de Carlos bolsonaro, incluía assessores como Luciana Almeida e Priscilla Pereira e Silva, que supostamente serviam como intermediárias na troca de informações sensíveis que beneficiavam a família bolsonaro.
As investigações revelaram trocas de mensagens que evidenciam a colaboração entre os assessores e a alta cúpula da abin, com pedidos para investigar inquéritos sigilosos que envolviam membros da família bolsonaro. O ex-diretor ramagem também teria colaborado com Carlos bolsonaro mapeando inquéritos eleitorais que tramitavam na PF do Rio de Janeiro, destinados a adversários políticos.
Outro núcleo investigado, denominado Alta Gestão, inclui Alexandre ramagem e seus subordinados, que teriam conhecimento das atividades irregulares e tentado legitimar o uso indevido de recursos da abin. Juntos, esses núcleos são acusados de interferir em investigações da PF relacionadas a filhos de Jair bolsonaro, produzindo documentos favoráveis a Renan bolsonaro e preparando relatórios para a defesa do senador Flávio bolsonaro.
A investigação ainda revelou um terceiro núcleo, conhecido como Portaria 157, que buscava associar parlamentares e ministros do STF a organizações criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Os envolvidos utilizaram o software First Mile para monitorar figuras como o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e a ex-deputada federal Joice Hasselmann.
Por fim, um quinto núcleo, denominado Tratamento Log, identificou um servidor responsável por operar o software First Mile e monitorar números de telefone, revelando a complexidade e a amplitude da operação de espionagem que está sendo investigada. A continuidade dessas investigações promete trazer à tona mais detalhes sobre as práticas controversas dentro da abin e suas implicações para a política brasileira contemporânea.