O brasil está em busca de um verdadeiro herói. Contudo, não se trata de alguém que promete milagres ou possui características épicas como qualquer figura mitológica; não se espera o São Jorge com sua espada, pronto para enfrentar e derrotar dragões da maldade. No passado, indivíduos que se vestiram com essa imagem heroica acabaram em posições de destaque, como a presidência da República, mas muitos foram consumidos por uma tempestade de denegrimentos e denúncias que culminaram em processos de impeachment, amplamente expostos pela mídia.
Desde então, a sociedade brasileira passou por uma significativa transformação ética. Os cidadãos, como que imunizados, tornaram-se céticos em relação a figuras carismáticas que prometem mudanças milagrosas. Assim, o herói que o povo deseja deve possuir uma face humana, moldada pela honestidade, ética, respeito, coragem, simplicidade e despojamento. Essa nova busca por liderança transcende apenas o carisma; o que se procura é um exemplo que inspire confiança e que esteja próximo dos anseios da população.
Mas a pergunta que paira no ar é: existe alguém com esse perfil? Quem ousa apontar um líder que se destaque nesse mar de incertezas? A galeria de heróis que antes brilhava está se tornando uma parede vazia. O atual governante não é mais ovacionado como antes, a chama da admiração se apaga. Na esfera religiosa, os pastores não conseguem mais galvanizar a atenção de seus fiéis; os fiéis, por sua vez, estão cada vez mais atentos a manipulações demagógicas. No campo esportivo, especialmente no futebol, as desilusões se acumulam. A seleção nacional já não encanta como antes, e figuras como Neymar, que outrora eram símbolos de esperança, parecem ter perdido o brilho diante das incertezas financeiras que cercam a indústria esportiva. O entretenimento esportivo, agora, está saturado pela mercantilização. As competições são movidas por interesses comerciais, e a emoção que antes preenchia estádios é sufocada pela frieza do mercado.
Enquanto isso, as seleções femininas de futebol surgem como uma nova esperança, trazendo frescor e promessas de um futuro brilhante. Aqueles que realmente merecem apreço e homenagem estão guardados na memória coletiva. Ayrton Senna, um dos nossos maiores ícones, e Pelé, cuja ausência deixou um vazio, nos lembram de tempos passados em que a esperança parecia mais acessível. O legado de Tancredo Neves, que não teve a chance de brilhar, e Juscelino Kubitschek, o grande defensor do progresso, são relíquias de um passado que agora parece distante. Os líderes contemporâneos, que poderiam ser considerados, não conseguem deixar uma marca significativa, refletindo a falta de estrelas que iluminem o caminho da nossa sociedade.
Figuras como Arraes, Brizola, Covas ou Itamar Franco, embora tenham traços distintos, se misturam em um mar de similaridades, perdendo-se na mediocridade. As disputas e posições mais contundentes acabam eclipsadas por um ciclo de canibalização da política, onde as identidades se desfazem em um discurso homogêneo. Na esfera da mídia, o que se vê é um desfile de personalidades efêmeras e controversas. Hoje, um personagem como pablo marçal, com sua retórica excêntrica, tenta captar a atenção do público, mas seu apelo é superficial e transitório. As promessas vazias de soluções mirabolantes, como a sugestão de construir um prédio de um quilômetro para fins turísticos, apenas exacerbam o desencanto da população. A política, transformando-se em um comércio, promove a troca de favores, onde muitos candidatos não têm a vocação para servir à comunidade, mas simplesmente buscam atender aos seus interesses.
A questão que fica é: surgirão novos líderes dessa atual geração? Precisamos acreditar em uma mudança positiva nos padrões políticos do país? A sociedade está cada vez mais crítica e consciente, acompanhando de perto o desfile de candidatos. Malas de dinheiro ainda podem influenciar votos, mas hoje elas não têm o mesmo poder de outrora. Muitos eleitores, apesar de receberem propostas financeiras de determinados candidatos, estão cientes da importância de seu voto e podem optar por aqueles que realmente representam seus ideais.
Com o tempo se esgotando, os eleitores têm a responsabilidade de analisar cuidadosamente as opções disponíveis. Não é necessário que seus escolhidos sejam perfeitos; é suficiente que apresentem um histórico ético e propostas viáveis. A cautela é essencial para evitar armadilhas de promessas vazio. Há muitos que, sob disfarces respeitáveis, não passam de lobos em pele de cordeiro, dispostos a vender ilusões impraticáveis. O futuro político do brasil depende da decisão consciente de seus cidadãos.