Identificação e Características da Nova Espécie de Bagre
Um grupo de pesquisadores do Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (IBB-Unesp) fez uma descoberta significativa ao identificar uma nova espécie de bagre, denominada Imparfinis arceae. Este pequeno peixe, que é endêmico da bacia do rio Xingu, acrescenta um novo capítulo à rica biodiversidade da América Latina.
O estudo, que teve o apoio da Fapesp, detalhou as características morfológicas e genéticas dos exemplares encontrados, evidenciando as distinções entre I. arceae e outras espécies do gênero Imparfinis, além de elucidar a relação da nova espécie com aquelas já conhecidas.
Um aspecto que despertou a atenção dos cientistas para essa nova descoberta foi uma faixa preta que se estende pela lateral do peixe. “Existem algumas espécies de bagres que apresentam essa faixa lateral escura, mas elas não são tão amplas como essa, o que despertou nossa desconfiança”, comentou Gabriel de Souza da Costa e Silva, que lidera a pesquisa e é doutorando na Unesp.
De acordo com Silva, a busca por novas espécies raramente segue um padrão linear; é impossível prever o que poderá ser encontrado. Assim, as características físicas servem como indícios iniciais: padrões diferentes, colorações variáveis e formatos de cauda que se destacam dos demais. Esses elementos são fundamentais para que os pesquisadores decidam aprofundar as investigações.
Análise Morfológica e Genética para Compreensão das Diferenças
Com a suspeita de que se tratava de uma nova espécie, a equipe realizou uma análise morfológica abrangente, coletando informações detalhadas sobre 20 indivíduos. Isso incluiu padrões de coloração, contagem de vértebras, comprimento, diâmetro dos olhos e tamanho da cabeça.
Esses dados permitiram identificar diferenças em relação à espécie Imparfinis hasemani, que também apresenta uma faixa escura lateral, potencialmente gerando confusões. Além das variações nas faixas, outras distinções foram notadas: a I. arceae tem 39 vértebras, enquanto a I. hasemani possui 40; os olhos da nova espécie são menores, e o comprimento da cabeça é maior.
Além das análises morfológicas, a equipe também conduziu investigações genéticas para um entendimento mais profundo das características do animal. “Nós fizemos um sequenciamento de um fragmento de DNA das diferentes espécies, permitindo comparações entre os DNAs”, explicou Silva. Esse método faz parte de uma abordagem chamada taxonomia integrativa, que combina dados morfológicos e moleculares para uma melhor compreensão da história evolutiva e da classificação dos organismos estudados.
Após obter e comparar as sequências dos diferentes peixes, os pesquisadores confirmaram que, apesar de compartilharem um código genético semelhante, os exemplares analisados apresentavam mais de 6% de divergência genética em relação a outras espécies do gênero Imparfinis. “Isso evidenciou que esses animais representam uma nova espécie”, concluiu o pesquisador.