A Viralização da Frase
A expressão “In Fux we trust”, que traduzida significa “Em Fux nós confiamos”, voltou a ganhar destaque nas redes sociais na última quarta-feira (10). O motivo? O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), optou por absolver todos os réus envolvidos em acusação de organização criminosa na chamada trama golpista.
Fux argumentou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) falhou em apresentar provas concretas que demonstrassem tanto a caracterização do crime quanto indícios de que os acusados utilizariam armas de fogo. “Voto que se julgue improcedente a ação penal relativamente ao crime de organização criminosa, porque esse crime não preenche a tipicidade [da legislação]”, declarou o ministro.
Em seu voto, Fux enfatizou que focaria nas acusações formuladas pelo Ministério Público, ignorando interpretações externas. Diferente dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, que avaliaram as acusações de maneira conjunta, Fux preferiu analisar cada imputação de forma isolada. Vale destacar que outros crimes ainda estão em análise.
O Resgate da Frase
A frase que agora se dissemina nas redes foi reavivada pelo ex-procurador da República e ex-deputado Deltan Dallagnol, que celebrou o voto de Fux utilizando a mesma expressão que Sérgio Moro fez em 2016. Naquele ano, Dallagnol relatou em um grupo de procuradores uma conversa em que Fux teria demonstrado apoio à Operação Lava Jato. “Os sinais foram ótimos. Falei da importância de nos protegermos como instituições”, destacou Dallagnol.
Naquele momento, Moro respondeu: “Excelente. In Fux we trust”, reforçando a confiança nas ações do ministro.
O Contexto da Operação Lava Jato
A expressão surgiu no contexto da Operação Lava Jato, que Dallagnol coordenou em Curitiba de 2014 a 2020, sendo responsável por investigações, pedidos de prisão e autorizações de quebras de sigilos junto ao então juiz Sérgio Moro. Entretanto, a força-tarefa começou a enfrentar desafios a partir de 2018, quando Moro aceitou a posição de ministro da Justiça e Segurança Pública sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Em 2019, a situação da Lava Jato se complicou com a divulgação pelo site “The Intercept Brasil” de mensagens trocadas entre Moro e procuradores. Esses diálogos, considerados impróprios por alguns ministros do STF, sugeriam uma conexão que poderia ameaçar princípios constitucionais e regras do devido processo legal.
A Repercussão na Oposição
A decisão de Fux provocou reações significativas entre membros da oposição. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) utilizou suas redes sociais para exaltar o ministro, chamando-o de “juiz” e contrastando-o com Moraes, que considerou ser “militante”, concluindo que “FUX HONRA A TOGA”.
Da mesma forma, o deputado federal Zucco (PL-RS) comemorou a decisão, afirmando que Fux está desmantelando o “teatro” criado por Moraes e expondo a suposta perseguição contra Bolsonaro. “Ele vai precisar de toda defesa de nossa parte por estar indo contra o sistema. A frase do dia é: FUX HONRA A TOGA ANULA TUDO”, reiterou.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) também elogiou Fux, afirmando que o ministro transformou a audiência em uma verdadeira aula, enquanto Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou Moraes, destacando que o mundo agora vê sua suposta violação de direitos humanos.
Votação e Acusações em Análise
No contexto do julgamento, o relator Alexandre Moraes votou pela condenação de Bolsonaro e de outros sete réus. Moraes alegou que o ex-presidente liderou o grupo que tramava o golpe. Os réus incluem figuras como o deputado Alexandre Ramagem, o almirante Almir Garnier e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, entre outros.
O voto de Moraes, que se estendeu por cerca de cinco horas e foi apresentado em quase 70 slides, descreveu em 13 pontos a atuação do grupo de forma cronológica. Flávio Dino acompanhou o relatório de Moraes, estabelecendo um placar inicial de 2 a 0. A confirmação de uma eventual condenação depende de uma maioria de três votos, e ainda faltam os votos de Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Acusações Contra os Réus
Bolsonaro e outros réus enfrentam acusações de cinco crimes na Suprema Corte, entre os quais estão: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e ameaça grave, e deterioração de patrimônio tombado. Ramagem é exceção, respondendo apenas a alguns desses delitos devido a um pedido de suspensão da ação penal aprovado pela Câmara dos Deputados.
Com as sessões de julgamento ainda em andamento, a expectativa é de que mais desdobramentos ocorram nas próximas reuniões, agendadas para os dias finais da análise.