Uma Nova Símbolo de Protesto
A bandeira dos Estados Unidos emergiu como um símbolo marcante da direita brasileira, conforme relatado pelo The New York Times (NYT) em uma reportagem publicada na terça-feira, 9 de setembro. O cenário ocorreu durante um protesto de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), realizado na Avenida Paulista no último domingo, dia 7 de setembro, onde uma bandeira americana do tamanho de uma quadra de basquete foi hasteada em várias partes da via.
O correspondente do NYT no Brasil, Jack Nicas, ressalta que a bandeira foi erguida como um gesto de agradecimento ao ex-presidente Donald Trump, que supostamente tentou intervir em questões relacionadas a Bolsonaro. “Este bandeirão se tornou a imagem icônica dos maciços protestos daquele dia, amplamente divulgada nas redes sociais e nas capas dos jornais”, explicou Nicas.
Investigação Policial em Vista
Além disso, a reportagem destacou que a enorme bandeira americana poderá ser objeto de uma investigação policial. Isso se deve a observações feitas por dois parlamentares brasileiros, que notaram que a bandeira parecia ser a mesma usada em um evento da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL) em São Paulo, apenas 36 horas antes do protesto. Os deputados Lindbergh Farias (PT-PB) e Pedro Campos (PSE-PE) levantaram preocupações sobre a legalidade da utilização de uma bandeira que, se tiver sido enviada por uma entidade estrangeira, poderia estar violando as leis brasileiras que proíbem a participação de grupos externos na política nacional.
Os parlamentares, então, solicitaram que a polícia examinasse as imagens da bandeira e entrevistasse dirigentes da NFL sobre a questão, enquanto o NYT observou que a liga americana refutou as acusações.
Transformação da Imagem Global da Bandeira Americana
Conforme mencionado pelo NYT, a presença da bandeira dos EUA nos protestos da direita no Brasil é um reflexo de uma transformação na percepção global da bandeira americana, à medida que a administração Trump altera a forma como os Estados Unidos são vistos fora de suas fronteiras. O jornal recordou que, este ano, manifestantes de direita na Coreia do Sul também agitaram bandeiras americanas em protestos contra eleições que consideravam fraudulentas. Da mesma forma, em Israel, conservadores, animados pelo apoio dos EUA à guerra em Gaza, exibiram bandeiras americanas em suas janelas.
“Entretanto, os apoiadores de Bolsonaro no Brasil adotaram as estrelas e listras de uma maneira peculiar. Em diversas cidades, durante o protesto, manifestantes da direita se cobriram com a bandeira dos EUA, pintaram os rostos de vermelho, branco e azul, e agitaram versões modificadas que combinavam as bandeiras brasileira e americana”, apontou o jornal.
Repercussão e Críticas ao Protesto
A presença do bandeirão americano no protesto em celebração ao Dia da Independência do Brasil gerou polêmica, gerando críticas não apenas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas também de figuras da própria direita, como o pastor Silas Malafaia, que sugeriu que a bandeira poderia ter sido plantada por pessoas de esquerda. O NYT destacou ainda as reações favoráveis do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em relação à bandeira gigante.
“Nós somos um povo educado que sabe agradecer àqueles que nos ajudam na luta pela recuperação de nossas liberdades e da democracia”, escreveu Eduardo em uma postagem na plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter.