Esquema de corrupção em Caxias
A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma rigorosa investigação sobre desvios de recursos na área da Educação no Maranhão, revelando um suposto esquema de corrupção que envolve o ex-prefeito de Caxias, Fábio Gentil, atualmente secretário de Agricultura, e sua namorada, a deputada estadual Daniella Jadão Cunha (PSB). A PF aponta que ambos desempenharam papéis cruciais na materialização de contratos que estão sob suspeita de irregularidades. Em defesa, o casal nega veementemente qualquer participação em atividades ilícitas.
O caso começou a ganhar notoriedade em janeiro de 2022, quando a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu R$ 575 mil em um veículo Toyota Corolla, que estava sob a responsabilidade de indivíduos ligados ao esquema. A partir dessa apreensão, a investigação se intensificou, culminando na Operação Lei do Retorno, deflagrada no final de agosto, que visa expor um esquema que supostamente causou prejuízos de cerca de R$ 50 milhões aos cofres públicos.
Desvios e Intermediações
De acordo com a PF, a investigação revelou a existência de uma organização criminosa que não só desviou recursos públicos destinados à educação em Caxias, mas também em vários outros municípios, através do pagamento de propinas a servidores públicos. O relatório da PF menciona Fábio Gentil e Daniella como centrais nesse esquema. O fluxo de dinheiro ilícito seria demonstrado pela quantia que os suspeitos transportavam, supostamente destinada a um servidor municipal que entregaria os valores a Fábio e Daniella.
A PF ainda revelou que o veículo onde o dinheiro foi encontrado está registrado em nome da mãe da deputada, e um dos responsáveis pelo transporte da quantia é tio de Daniella. Além disso, o pai da parlamentar também teria se beneficiado de trâmites ilegais, recebendo R$ 170 mil de repasses, realizados por um dos intermediários detidos com o montante. Esses valores foram divididos em novos repasses: R$ 70 mil foram diretamente creditados na conta do pai da deputada, enquanto R$ 100 mil foram destinados a uma concessionária, onde o pai adquiriu um veículo.
Indícios de corrupção em Outros Municípios
A investigação não se limita a Caxias. Um estudo realizado pela Controladoria-Geral da União (CGU) levantou que, entre 2017 e 2021, uma das empresas implicadas recebeu cerca de R$ 27 milhões em contratos de diversas prefeituras maranhenses. Durante a apreensão dos R$ 575 mil, os celulares dos investigados também foram confiscados, e a análise dessas mensagens trouxe à tona indícios de movimentações financeiras suspeitas.
Com base nas informações coletadas, a PF apresentou diálogos que indicam a intermediação direta de Daniella na contratação de empresas suspeitas, além de mensagens que parecem se referir a pagamentos de propina. Em uma conversa, um funcionário da prefeitura que deveria receber o dinheiro fez contato com um dos transportadores, sugerindo uma coordenação clara nas transações.
Contratos Ilegais e Defesa dos Envolvidos
Os contratos em questão teriam sido direcionados por Fábio Gentil, em conluio com servidores públicos. O relatório afirma que as propostas eram apresentadas a esses servidores antes da formalização de qualquer termo referencial, facilitando a montagem de processos que validavam os repasses. A PF alega ter encontrado evidências robustas sobre a participação de Fábio na criação de um arcabouço documental que favorecia a empresa envolvida.
Procurados, tanto Fábio Gentil quanto Daniella Jadão se manifestaram por meio de suas assessorias. Fábio negou as acusações, enfatizando sua total colaboração com as autoridades e expressando confiança na Justiça. Já Daniella repudiou as alegações da PF, afirmando que a falta de provas concretas sublinha a inexistência de irregularidades em sua conduta. Ela também reiterou seu compromisso com a legalidade e a transparência, afirmando que sua equipe jurídica está atenta à evolução das investigações.