A Declaração do Ex-Ministro Carlos Lupi
Durante a sessão da CPMI do INSS, realizada nesta segunda-feira, 8 de setembro, o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, revelou que sua saída do governo Lula se deu em razão de uma campanha política interna, afastando qualquer justificativa ética para sua demissão. “Não houve motivo ético para a minha saída, pois fui absolvido pelo comitê de ética. Saí devido a uma campanha insustentável contra mim, promovida até por pessoas de dentro do governo que almejavam meu lugar”, afirmou Lupi.
O ex-ministro deixou seu cargo apenas 15 dias após a operação da Polícia Federal que expôs um esquema de descontos no INSS, do qual ele nega qualquer envolvimento. “Não tenho acusações sem resposta no Judiciário. Meu padrão de atuação é pautado pela honestidade, dignidade e profundo amor ao povo brasileiro”, acrescentou.
O Escândalo do INSS e seus Desdobramentos
O escândalo relacionado ao INSS foi inicialmente exposto pelo portal Metrópoles, que divulgou uma série de reportagens a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, foi revelado que a arrecadação das entidades beneficiárias com os descontos em mensalidades de aposentados havia explodido, alcançando cerca de R$ 2 bilhões em um ano. Ao mesmo tempo, as associações enfrentavam milhares de processos por fraudes nas filiações.
Essas reportagens motivaram a abertura de um inquérito pela Polícia Federal e foram fundamentais para as investigações da Controladoria-Geral da União (CGU). A PF listou 38 matérias do Metrópoles na representação que levou à deflagração da Operação Sem Desconto, em 23 de abril deste ano, resultando nas demissões do presidente do INSS e do próprio ministro Carlos Lupi.
Implicações da Oitiva de Carlos Lupi
Conhecido por ser o primeiro ex-ministro da Previdência a prestar esclarecimentos à CPMI do INSS, Carlos Lupi assumiu a pasta no início do governo Lula e foi pressionado a deixar a gestão após o início da Operação Sem Desconto, que afastou diversos servidores do INSS e levantou questionamentos sobre a conduta do ministério em relação aos descontos.
A saída de Lupi do governo marcou uma divisão significativa no posicionamento do PDT dentro do Congresso Nacional. A bancada da Câmara decidiu romper com a base governista, enquanto a bancada do Senado optou por permanecer alinhada ao Planalto.
Por um acordo entre a cúpula da CPMI, que possui um viés oposicionista, e a base do governo, foi decidido que os ex-ministros seriam convidados a participar das sessões, em vez de convocados, como inicialmente solicitado. Essa mudança diminui a gravidade da situação, visto que convidados não são obrigados a comparecer, enquanto convocados têm essa obrigação. O atual ministro da Previdência, Wolney Queiroz, também foi convidado a comparecer.
Em contrapartida, 12 ex-presidentes do INSS foram convocados para depor, incluindo Alessandro Steffanutto, que ocupou o cargo durante a gestão de Lupi e foi afastado em decorrência da operação da PF, sendo posteriormente demitido por Lula.