Cálculos Indicam Perdas Significativas para Exportadores
Embora tenha sido excluído do tarifaço que atinge diversos setores, o segmento de exportação de suco de laranja pode enfrentar um rombo de até R$ 1,5 bilhão. A informação foi divulgada pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
Segundo a CitrusBR, esse prejuízo está associado à inviabilidade econômica das exportações de subprodutos, que são onerados por uma taxa de 50%. No último ano, esses subprodutos geraram aproximadamente US$ 177,8 milhões. Além disso, o impacto da tarifa de 10% aplicada ao suco de laranja é estimado em US$ 103,6 milhões, o que equivale a cerca de R$ 566,7 milhões. Esses números consideram o volume reportado pela Secretaria de Comércio Exterior para a safra 2024/25.
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Os subprodutos da produção de suco de laranja desempenham um papel crucial tanto na indústria de bebidas quanto na de cosméticos. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 58% do suco consumido é reconstituído, um produto concentrado com 66% de sólidos. Depois da importação, este suco é diluído com água até atingir sua concentração natural de cerca de 12% de partes sólidas.
De acordo com Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, “muitos desses produtos dependem de insumos como células cítricas, que são os gominhos da laranja, além dos óleos essenciais que conferem aroma. Com a sobretaxa de 50% para esses ingredientes, a operação se torna inviável”. Netto alerta que essa realidade pode comprometer a experiência do consumidor, afetar as empresas americanas e, em última análise, prejudicar toda a cadeia produtiva brasileira.
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Indústrias de Cosméticos Também Sentem os Efeitos
Os óleos essenciais, por sua vez, são essenciais não só para a produção de sucos, mas também para a indústria de cosméticos, onde conferem notas cítricas a perfumes. Os Estados Unidos absorvem uma parte significativa das exportações brasileiras desses insumos: cerca de 36% em óleo essencial prensado, 39% em óleo normal e quase 60% no d-limoneno, que é utilizado em fragrâncias e solventes naturais. Para Netto, “isso pode ter um impacto bastante grande para esses setores”.
Além das tarifas, o setor de sucos enfrenta um cenário de queda nos preços internacionais, resultado do aumento de 36% na oferta de frutas em comparação à safra anterior, conforme dados do Fundecitrus. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) revelou que o preço médio da tonelada exportada para os Estados Unidos na safra anterior foi de US$ 4.243. No dia 7 de agosto, esse valor caiu para US$ 3.387, representando uma redução de 20,17%. Se a quantidade exportada permanecer a mesma, a perda de receita decorrente dessa desvalorização é estimada em US$ 261,8 milhões.
Considerando tanto os efeitos das tarifas quanto a diminuição nos preços, as perdas totais do setor podem ultrapassar R$ 2,9 bilhões. Netto conclui que, embora os exportadores estejam aliviados por terem sido incluídos nas exceções, os efeitos das novas tarifas são significativos, especialmente em um ano marcado por desafios no mercado.