Defesa do PM Apresenta Nova Argumentação
O caso do policial militar que matou uma adolescente de 16 anos com um tiro acidental em São Paulo ganha novos contornos. O sargento Thiago Guerra, que está designado para ser julgado no Tribunal do Júri, recorreu da decisão, alegando que a responsabilidade pela morte de Victoria Manuelly recaía sobre seu irmão, Kauê Alexandre dos Santos. Segundo a defesa, a tragédia ocorreu durante uma abordagem policial em que Kauê teria agredido o policial, fazendo com que a arma disparasse de forma não intencional.
O incidente aconteceu no dia 10 de janeiro deste ano, no bairro Guaianases. Victoria e Kauê estavam em frente a uma adega quando se envolveram em uma perseguição policial. Ambos foram abordados pelos agentes, apesar de não terem qualquer ligação com os fatos em investigação. O registro em vídeo da câmera corporal de Guerra captura o momento em que ele golpeia Kauê com a coronha da arma, resultando no disparo que atingiu fatalmente a adolescente.
Responsabilidade Contestada
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Desde o trágico evento, o policial permanece detido no presídio Romão Gomes. Em 5 de agosto, Guerra foi formalmente pronunciado para julgamento, sendo acusado de homicídio doloso com dolo eventual — quando se assume o risco de matar. Contudo, a data do julgamento ainda não foi definida.
No recurso protocolado no dia 12 de agosto, os advogados do sargento, João Carlos Campanini e Leandro Alvarez Duarte, sustentam que a fatalidade foi desencadeada pela suposta agressão de Kauê. “Se a testemunha Kauê Alexandre não tivesse tentado se esquivar de uma abordagem legítima, essa fatalidade não teria ocorrido”, afirmam os defensores. Eles alegam ainda que a própria Victoria agiu de maneira irresponsável durante a abordagem.
Acusação Se Mantém Firme
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Em oposição à defesa, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) sustenta que a morte de Victoria foi resultado de uma ação violenta e intencional por parte do policial. De acordo com a acusação, Kauê não teria reagido durante a abordagem e as imagens demonstram que ele não estava envolvido na perseguição policial. O MPSP defende que Guerra agiu de maneira arbitrária ao abordar Kauê, o agredindo de forma brutal e, consequentemente, levando ao disparo acidental que resultou na morte da irmã.
Além disso, a denúncia destaca o tratamento brutal recebido por Kauê, que foi agredido e algemado de forma desumana, privado de ar e pediu socorro. As imagens e o relato da situação na delegacia, onde Kauê foi encontrado em estado de desespero, se somam às evidências que contrariam a versão do sargento.
Depoimento Controverso
No 50º Distrito Policial, Thiago Guerra apresentou uma versão em que afirma que Kauê teria tentado impedir a abordagem policial, resultando no disparo. No entanto, essa versão foi desmentida pelas imagens das câmeras, que mostraram a verdadeira sequência de eventos. A Polícia Civil, ao revisar os vídeos, alterou o status de Guerra de testemunha para indiciado por homicídio, levando à sua prisão em flagrante no mesmo dia do incidente.
O desenrolar desse caso levanta questões cruciais sobre a conduta policial e a responsabilização em situações de abordagem, especialmente em contextos de violência e vulnerabilidade. Com os desdobramentos do julgamento, a sociedade aguarda uma resposta sobre a justiça neste trágico episódio.