A ‘Festa da Selma’: O que Aconteceu no Congresso
Conhecida como ‘Festa da Selma’, em homenagem à esposa do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, a tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro de 2023, logo após a posse de Lula, mobilizou milhares de manifestantes que invadiram os edifícios do Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal. Este ato audacioso de desobediência civil levantou questionamentos sobre a estabilidade política do Brasil, especialmente em um momento tão delicado.
Antes desse evento, os apoiadores de Bolsonaro estavam acampados em frente aos quartéis em várias partes do país, clamando por uma intervenção militar que anulasse os resultados das eleições presidenciais de 2022. Para muitos, essas ações foram vistas como uma estratégia para garantir o retorno de Bolsonaro ao poder, prometendo uma ‘destruição do sistema’ que, segundo eles, estava em risco. Porém, até o momento, suas promessas parecem não ter se concretizado.
A Obstrução que Não Foi
Nos últimos dias, a situação no Congresso se agravou. Embora autores de ações como motins, rebeliões e tumultos tenham sido questionados, não houve uma obstrução formal, uma vez que a Casa legislativa ainda se encontrava em recesso. O que se observou foram ações que visavam atrasar a reabertura do Congresso, uma manobra arquitetada por alguns deputados e senadores alinhados ao bolsonarismo. Eles invadiram os plenários da Câmara e do Senado com o objetivo de atrelar a volta ao trabalho legislativo à votação de propostas controversas, incluindo a anistia aos golpistas e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, à luz das recentes condenações que Bolsonaro está prestes a enfrentar.
Se a invasão de 8 de janeiro de 2023 representou um ataque ao governo vindo de fora, o que ocorreu em 5 e 6 de agosto de 2025 se manifestou como uma tentativa de golpe de dentro para fora. A habilidade política do Brasil sempre impressionou, revelando uma capacidade única de surpreender, mesmo nas situações mais adversas, como se costuma dizer: ‘Não é para amadores’.
Responsabilidades de Liderança
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Os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado, David Alcolumbre, tinham o poder de reverter essa tentativa de golpe. A medida mais simples teria sido ameaçar com a suspensão dos mandatos dos deputados rebeldes, uma ação que poderia ter sido aplicada rapidamente. Contudo, ambos demonstraram uma falta de grandeza e coragem diante da situação. Como mencionado pelo ex-presidente Fernando Collor, faltou a compreensão do papel que deveriam desempenhar nesse momento crítico.
É inegável que o Brasil enfrenta um período de incertezas políticas, e a reação de seus líderes frente a esses desafios será fundamental para determinar o futuro da democracia no país. A capacidade de resistir a pressões políticas e manter a ordem civil é um teste que os representantes precisam enfrentar, especialmente quando as divisões se acentuam e as tentativas de desestabilização se tornam mais frequentes.