protestos e inquietação dos vizinhos
Na noite de terça-feira, apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) promoveram um buzinaço e uma carreata em protesto contra a decisão de prisão domiciliar do ex-presidente. O ato teve início na icônica Torre de TV, em Brasília, e percorreu as principais avenidas da capital federal, terminando em frente ao condomínio onde Bolsonaro reside, localizado no bairro Jardim Botânico. Este foi o segundo dia consecutivo de manifestações organizadas pelos seus apoiadores.
A situação gerou uma onda de descontentamento entre os vizinhos do ex-presidente, que compartilharam suas opiniões em um grupo de WhatsApp do Condomínio Solar de Brasília sobre os bloqueios impostos pela Polícia Militar e pelos próprios manifestantes nas entradas do local. O Metrópoles obteve acesso às mensagens trocadas, que revelam a apreensão dos moradores em relação ao acampamento potencial de bolsonaristas em frente ao condomínio e à dificuldade de acesso à área.
Inquietação e reclamações entre moradores
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O grupo, que foi criado originalmente para a troca de informações do dia a dia, logo se transformou em um espaço de debates políticos acalorados e desentendimentos entre os residentes. “Está uma loucura aqui fora. Quero chegar em casa. Buzinando, polícia, corneta. Um inferno”, desabafou uma das moradoras, refletindo o sentimento de frustração generalizada. Outro vizinho lamentou a situação: “Eu só quero chegar em casa, mas o trânsito não anda.”
Já perto da meia-noite, uma vizinha manifestou sua indignação: “Um absurdo essa hora e essa confusão. Pior ver o tanto de polícia e não dispersam.” Em tom mais assertivo, um homem apontou: “Espero sinceramente que a administração tome providências para garantir a entrada e saída dos condôminos, livremente e em segurança. Nada justifica bloquear entradas; quem quiser se manifestar que procure um lugar que não impeça o direito de ir e vir dos moradores.”
Um morador ainda expressou sua preocupação sobre a possibilidade de acampamentos: “Se eles armarem acampamentos aqui, estamos ferrados.” Uma vizinha respondeu que, se isso acontecer, seria necessário denunciar os manifestantes para “retirar quem estiver atrapalhando o direito de ir e vir”. Uma opinião ainda mais drástica veio de outro morador: “Se a segurança ficar comprometida, já já levam para a Papuda.”
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Divisão ideológica no grupo
Embora muitos se preocupassem com a segurança, o grupo de WhatsApp tornou-se um campo de batalha ideológica. Um morador lançou uma crítica direta ao ex-presidente: “Podia levar de uma vez para a Papuda. Ele vai para lá mesmo, não é? Ao menos dá logo sossego para a gente e para mais 200 milhões.” A resposta não tardou a vir: “Que Deus te retribua em dobro.”
Em meio à tensão, houve espaço para ironia. “Bora fazer um churrasco de confraternização?”, sugeriu uma vizinha, provocando uma resposta ácida: “Só entre os seus comparsas que se alegram com a desgraça do outro.”
O contexto da prisão domiciliar de Bolsonaro
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi decretada na segunda-feira, dia 4 de agosto, em razão da divulgação de um vídeo gravado por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Na gravação, o ex-presidente aparecia discursando ao telefone durante uma manifestação no Rio de Janeiro. O vídeo, posteriormente, foi excluído das redes sociais.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concluiu que Bolsonaro infringiu as medidas cautelares ao se manifestar por meio de terceiros, o que fundamentou a decisão judicial. O apoio ao ex-presidente manifestou-se em diversas capitais do Brasil durante o final de semana, incluindo Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Em Copacabana, Bolsonaro agradeceu publicamente: “Obrigado a todos. É pela nossa liberdade. Pelo nosso Brasil. Sempre estaremos juntos.”