A Decisão de Desistir dos Estudos
Condenada a quase 40 anos de reclusão pelo assassinato dos próprios pais, em outubro de 2002, Suzane von Richthofen buscou a oportunidade de cursar administração à distância enquanto estava sob o regime semiaberto, em 2017. Nessa época, a interna já cumpria quase 12 anos de pena.
Contudo, a burocracia que envolveu a autorização para que ela pudesse estudar no formato de ensino à distância (EAD) levou Suzane a desistir de seu projeto acadêmico. A decisão foi expressa em uma carta obtida pelo Metrópoles, onde ela relata: “Declaro que desisto no momento de cursar o ensino superior aqui [cadeia] por causa da demora [para a autorização]. Eu tenho interesse em cursar o ensino superior, contudo como já fiz o pedido para o RA [Regime Aberto] desejo fazê-lo [curso superior] ao sair, quando eu for embora.”
Juntamente com outra interna condenada por homicídio, que pretendia estudar pedagogia, Suzane iniciou o processo de solicitação em março de 2017, mas ambas desistiram em 27 de junho do mesmo ano, conforme indicado em suas correspondências.
Uma História de Estudos e Restrições
Desde 2015, Suzane estava no regime semiaberto e, nesse contexto, conseguiu sair da Penitenciária de Tremembé, no interior paulista, temporariamente no feriado da Páscoa do ano seguinte. Ao contrário do que mencionou em sua carta de desistência, ela já tinha iniciado a trajetória acadêmica, matriculando-se em biomedicina enquanto ainda cumpria pena.
Em setembro de 2021, recebeu autorização para frequentar presencialmente uma universidade particular em Taubaté, interior de São Paulo. Durante esse período, Suzane saía do presídio todas as noites, das 18h às 23h55, para assistir às aulas, retornando ao cárcere após o término das atividades.
No início de 2023, conforme relatado pelo Metrópoles, a ex-interna transferiu seu curso para um campus em Itapetininga, cidade próxima de Angatuba, onde já estava sob regime aberto. Antes de sua chegada à nova instituição, a diretoria e coordenação do curso comunicaram aos professores e alunos sobre a presença de Suzane, enfatizando a necessidade de respeito, tendo em vista que ela cumpria a pena imposta pela Justiça e tinha direito à educação.
Um pedido adicional foi feito para que os estudantes evitassem tirar fotos da egressa da penitenciária. Apesar disso, imagens de Suzane nas dependências da faculdade acabaram circulando em redes sociais.
O Caso Suzane von Richthofen e suas Implicações Legais
Originalmente, Suzane recebeu uma pena de 39 anos de prisão em regime fechado. Desde 2015, ela cumpre pena no regime semiaberto em Tremembé. Por outro lado, Daniel Cravinhos, seu cúmplice, foi condenado a 39 anos e 6 meses em regime fechado, mas conseguiu a autorização para cumprir pena em regime aberto a partir de 2017.
O irmão de Daniel, Cristian Cravinhos, também esteve envolvido nos assassinatos e recebeu uma pena de 38 anos e 6 meses. Ele chegou a ter o direito ao regime aberto, mas perdeu essa possibilidade em 2017, após ser preso por tentativa de suborno.