Déficit Primário e Desafios Fiscais
As contas do governo central, que englobam o Tesouro Nacional, o Banco Central e a Previdência Social, apresentaram um déficit primário de R$ 44,3 bilhões em junho de 2025. Para fins de comparação, no mesmo mês do ano anterior, o déficit foi de R$ 38,7 bilhões, considerando valores não ajustados pela inflação.
No mesmo período, enquanto o Tesouro e o Banco Central juntos registraram um superávit de R$ 5 bilhões, a Previdência Social enfrentou um déficit expressivo de R$ 49 bilhões. O resultado observado em junho, se comparado ao mês anterior (maio de 2024), reflete um aumento real de 5,2% na receita líquida e um incremento nas despesas totais de 7,0%.
Os dados foram apresentados no Relatório do Tesouro Nacional (RTN), divulgado na última quarta-feira (29/7). No acumulado do primeiro semestre de 2025, o resultado primário do governo central nos 12 meses foi de superávit de R$ 15,3 bilhões, o que representa 0,11% do PIB.
A Estrutura das Contas e Receitas
Esse desempenho foi impulsionado por um superávit de R$ 192 bilhões do Tesouro e do Banco Central, acompanhado de um déficit de R$ 203 bilhões na Previdência Social. Em termos reais, em junho, a receita total subiu R$ 46,8 bilhões (3,4%), enquanto a receita líquida teve um aumento de R$ 31,7 bilhões (2,8%) em relação ao mesmo período do último ano.
Conforme apontou o Tesouro, o crescimento da receita líquida em junho de 2025 deve-se, em grande parte, ao desempenho das receitas administradas pela Receita Federal, que registraram um incremento real de 5,4%, equivalente a R$ 7,2 bilhões. Os principais destaques foram:
- Imposto de Importação – aumento de R$ 10,4 bilhões
- Imposto sobre a Renda – aumento de R$ 19,2 bilhões
- Outras Receitas Administradas pela RFB – aumento de R$ 12,2 bilhões
Compreendendo o Resultado Primário
É fundamental entender que um superávit primário ocorre quando as receitas superam as despesas, desconsiderando os juros. Por outro lado, o déficit primário é o resultado contrário, ou seja, quando as despesas superam as receitas. Juntos, eles contribuem para o que se chama de “resultado primário”.
No ano de 2024, o governo central encerrou com um déficit primário de R$ 43 bilhões, representando 0,36% do PIB. Apesar do resultado negativo, a meta fiscal de 2024 foi alcançada. Em janeiro de 2025, o governo central registrou um superávit significativo de R$ 84,9 bilhões, enquanto em fevereiro enfrentou um déficit de R$ 31,7 bilhões.
Perspectivas Fiscais para 2025
A meta do governo federal para 2025 é ambiciosa: alcançar um déficit fiscal zero. Isso implica na busca da equipe econômica por um equilíbrio nas contas públicas, onde as receitas devem igualar as despesas. Assim como em 2024, a administração federal está determinada a atingir esse objetivo em 2025.
O plano consiste em promover um aumento progressivo até 2028, quando se espera alcançar um superávit primário de 1% do PIB. Essa estratégia é vista como fundamental para a sustentabilidade fiscal do país, além de garantir um ambiente econômico mais estável para os próximos anos.