Desafios e Ações na Gestão de Débora Regis
A prefeita de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, Débora Regis (União), expressou sua insatisfação com a chamada “herança maldita” deixada pela ex-aliada Moema Gramacho (PT). Em uma entrevista ao Bahia Notícias, Débora, conhecida como Debinha, fez um balanço dos primeiros seis meses de seu mandato, onde revelou as dificuldades que ainda enfrenta para resolver os problemas herdados.
De acordo com a gestora, o foco até o momento se concentrou na reestruturação das finanças e na recuperação de equipamentos públicos, como escolas e postos de saúde que, segundo ela, estavam “abandonados”. Um exemplo notório é uma das unidades de ensino que contava com apenas 15 cadeiras disponíveis. Entre os projetos positivos, Débora ressaltou um programa de saúde que visa reduzir a regulação no município, já em andamento. Além disso, a prefeita prometeu buscar apoio, inclusive de adversários, como o governador Jerônimo Rodrigues (PT), para realizar obras estruturantes, especialmente para melhorar a mobilidade – um dos problemas crônicos da cidade.
Confira a entrevista completa:
Um Balanço Sobre os Primeiros Meses de Mandato
Prefeita, como a senhora avalia os primeiros seis meses de gestão?
Débora Regis: Primeiramente, encontramos uma cidade carregada de dívidas. Precisamos negociar com a Previdência e a Receita Federal, pois muitos problemas da gestão anterior ainda estão sendo administrados. Este ano tem sido um grande desafio. Desde janeiro, temos trabalhado para organizar as finanças e arrumar a casa.
Houve avanços em algum setor específico?
Nós já conseguimos progressos em diversas áreas, principalmente na saúde, onde implementamos o programa “Fila Zero”. Enfrentamos uma demanda reprimida considerável, com pessoas aguardando por exames como ultrassom há anos. Iniciamos o programa em Itinga e agora já estamos expandindo para outras localidades, totalizando até o final 90 mil procedimentos entre consultas e exames. Também reforçamos os postos de saúde e garantimos a disponibilização de medicamentos que estavam em falta. Com relação à atenção básica, fizemos uma boa organização. Vale destacar que, pela primeira vez na história de Lauro de Freitas, descentralizamos o atendimento laboratorial, que antes era concentrado em um único local.
A Situação das Escolas e Educação em Lauro de Freitas
E a educação, como a senhora a avalia?
No setor educacional, encontramos escolas em situações precárias, algumas com apenas 15 cadeiras disponíveis. É um cenário caótico, com unidades sucateadas, sem quadros e bebedouros. Já conseguimos adquirir 80 bebedouros industriais que serão distribuídos nas escolas. Estamos fazendo o possível para transformar essa realidade, mas é importante lembrar que a cidade ficou abandonada por cerca de 20 anos. Portanto, não podemos esperar que em apenas sete meses tudo esteja resolvido.
A Situação Financeira da Prefeitura e Futuras Obras
Como está a situação financeira da prefeitura atualmente?
Estamos em um processo de reorganização financeira, pois, se continuarmos assim, o município pode encerrar o ano no vermelho. Já pagamos R$ 83 milhões em dívidas do exercício anterior. Por isso, peço à população um pouco mais de paciência. Pegamos a cidade sem nenhum contrato em vigor. Neste momento, estamos finalizando algumas parcerias de manutenção. Durante o período de chuvas, não conseguimos realizar o tapa-buracos, mas assim que o tempo melhorar, entraremos em ação, começando pela recuperação de algumas avenidas.
Projetos Futuros e Relação com o Governador
Quais são os planos para o futuro e como será a busca por mais recursos?
Tenho solicitado uma reunião com o governador para discutir questões de mobilidade urbana e transporte no município, além de obras estruturantes, como a duplicação da Rua Dr. Gerino de Souza Filho. Essa obra está orçada em cerca de R$ 150 milhões e necessitamos do apoio tanto do governo federal quanto do estadual. A cidade não consegue realizar essas grandes obras unicamente com verbas próprias. Além disso, planejamos reestruturar o hospital Jorge Novis, que está parado há uma década. Este ano também vamos inaugurar a Arena Aquática e realizar a pavimentação de algumas ruas, além de criar praças e campos de futebol. Temos um planejamento financeiro para iniciar essas ações ainda este ano, mas as obras mais complexas provavelmente só começarão no próximo ano.
Relação da Prefeita com a Câmara Municipal
Como a senhora tem se saído na relação com os vereadores?
Sabemos que são poderes independentes, mas a Câmara tem nos apoiado bastante. O presidente Juca e os vereadores demonstram sensibilidade em relação à situação complicada que o município enfrenta, e a maioria acredita no potencial deste novo governo.