A Escalada das Tensões e Seus Impactos
A recente imposição de sanções dos Estados Unidos ao Brasil provocou um aumento nas tensões entre os dois países, especialmente após o anúncio de proibições direcionadas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou a revogação do visto do ministro Alexandre de Moraes e de outros magistrados, citando uma suposta ‘caça às bruxas’ contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Aparentemente, essas medidas são apenas o início de um conjunto de sanções mais severas.
Entre as novas restrições propostas, pondera-se sobre um aumento das tarifas de importação de produtos brasileiros de 50% para 100% e até mesmo punições em colaboração com a aliança militar da Otan. O que chamou a atenção, contudo, foi a possível proibição do uso de satélites e sistemas de GPS. Mas, afinal, seria viável desativar o sistema de geolocalização no Brasil?
O Que É GPS e Como Funciona?
O Sistema de Posicionamento Global, ou GPS, é uma tecnologia que permite, de forma rápida e precisa, a localização de um ponto na superfície terrestre. Esse sistema é amplamente utilizado em celulares, veículos, aeronaves, embarcações e em monitoramentos, como tornozeleiras eletrônicas. Sua função é crucial em diversas áreas, incluindo navegação, cartografia e acompanhamento ambiental.
Origem do GPS remonta ao Departamento de Defesa dos EUA, que desenvolveu o sistema no final do século XX, inicialmente para fins militares, como o direcionamento de mísseis e localização de tropas. A criação do sistema foi impulsionada pela corrida espacial, que ganhou força com o lançamento do Sputnik pela União Soviética em 1957. O primeiro satélite operacional do GPS foi lançado em 1978, e o sistema foi completado em 1995, contando com 24 satélites em operação.
Nos anos 90, o uso do GPS foi ampliado para aplicações civis, abrangendo desde o controle de tráfego aéreo até aplicativos de navegação em smartphones. Atualmente, o sistema é formado por 24 satélites, distribuídos em seis planos orbitais ao redor da Terra, garantindo que, em qualquer local do planeta, ao menos quatro satélites sejam visíveis para um receptor GPS, o que é essencial para seu funcionamento adequado.
É Possível Bloquear o GPS em um País?
Os sinais enviados pelos satélites do GPS são unidirecionais, o que significa que eles emanam do espaço e alcançam simultaneamente receptores em todo o mundo. Isso torna bastante improvável que seja possível cortar o sinal do GPS especificamente para um país sem afetar as áreas adjacentes.
No entanto, existem métodos que podem interferir localmente no funcionamento do GPS. Algumas dessas técnicas já foram aplicadas em zonas de conflito. A principal delas é o jamming, que envolve o uso de dispositivos para emitir ondas de rádio que neutralizam o sinal original dos satélites, criando interferência. Contudo, essa ação exigiria a instalação de equipamentos de sabotagem a partir do Brasil.
Intervenções Russas e suas Implicações
Um caso notável ocorreu em maio de 2024, quando a Rússia causou interrupções em sistemas de navegação por satélite que afetaram milhares de voos civis. Durante esse episódio, um avião da Força Aérea Real britânica teve seu sinal de GPS bloqueado ao sobrevoar áreas próximas à Rússia.
No contexto da guerra na Ucrânia, o país tem utilizado sistemas avançados de guerra eletrônica, como o Zhitel e o Pole-21, para bloquear sinais de GPS nas áreas de conflito. Essa tática visa “cegar” mísseis guiados, neutralizar drones e dificultar a movimentação das tropas inimigas. Outra técnica significativa é o spoofing, que envolve enganar o receptor ao substituir sinais legítimos por falsos, resultando em uma localização incorreta.
Alternativas ao GPS e Seus Impactos
Uma possível restrição do GPS teria repercussões profundas em vários setores civis, incluindo transportes, onde poderia haver interrupções na aviação, navegação marítima e logística. O impacto se estenderia também a telecomunicações e energia, uma vez que muitas redes dependem da precisão do tempo fornecido pelo GPS para sincronização, além de afetar transações eletrônicas em bancos e finanças.
Como alternativas ao GPS, existem sistemas desenvolvidos por outros países, como o GLONASS da Rússia, o BeiDou da China e o Galileo da União Europeia. Também há sistemas regionais, como o NavIC da Índia e o QZSS do Japão. Assim, a segurança e a confiabilidade do GPS se tornam uma questão crucial em um cenário geopolítico em constante transformação.