Defesa dos Policiais e Controvérsias nas Declarações
Dois policiais militares, presos em flagrante por supostamente estuprar uma jovem durante a oferta de carona em sua viatura, apresentaram à Justiça Militar, na última sexta-feira (11), sua defesa. Eles argumentaram que a jovem, de 20 anos, teria demonstrado interesse por um deles. O crime, segundo a acusação, ocorreu na noite da segunda-feira de Carnaval (3 de março) em Diadema, na Grande São Paulo.
Os acusados, o soldado Leo Felipe Aquino da Silva e o cabo James Santana Gomes, estão detidos desde então no Presídio Militar Romão Gomes, localizado na zona norte de São Paulo. A defesa dos policiais foi contatada, mas optou por não se pronunciar sobre o caso até o momento.
Investigações do Metrópoles revelaram que, em seus depoimentos ao Tribunal de Justiça Militar (TJM), os PMs tentaram desacreditar a versão da vítima. Um deles alegou que ela teria se interessado por ele e inclusive trocado números de telefone, informação prontamente negada pela jovem.
Além disso, os policiais sustentaram, durante a audiência, que a vítima não aparentava estar sob efeito de álcool, uma afirmação que contrasta com as evidências em vídeos, onde sua fala demonstrava descoordenação e confusão.
Laudos toxicológicos confirmaram que a jovem apresentava traços de álcool e medicamentos no sangue, sendo que ela realiza tratamento para uma depressão severa, resultante de abusos anteriores perpetrados pelo próprio pai.
O pai da jovem foi citado como testemunha pela defesa dos PMs, apesar de não ter presenciado o ocorrido ou ter qualquer ligação com os réus. A inclusão dele na defesa gerou controvérsia, considerando seu histórico de abuso, revelado em outros inquéritos.
Provas e Testemunhos no Caso
O Metrópoles também apurou que a jovem registrou, por meio de fotografias, a presença de bebidas alcoólicas consumidas pelos policiais durante o horário de serviço, enquanto ela era mantida na viatura. Os acusados negaram essas alegações, afirmando que apenas tinham um copo com energético, e se recusaram a realizar o teste do bafômetro após serem detidos.
Durante o depoimento, um dos PMs se contradisse ao afirmar que não havia descartado o celular da vítima, apesar de um vídeo que mostrava claramente ele colocando o telefone na bolsa e, em seguida, jogando-a pela janela do veículo. O celular continha evidências, como fotos que corroboravam a presença de bebidas alcoólicas na viatura. Antes de sua apreensão, a jovem havia enviado diversos áudios e vídeos para seus familiares, em busca de ajuda.
Histórico de Abusos e a Luta da Vítima
A jovem, que procurou o 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela) para registrar um boletim de ocorrência por violência doméstica e crime sexual, descreveu um relacionamento tumultuado com seu pai. Em seu relato, ela mencionou a tensão que existia entre eles, o que levou à sua mudança para a casa da mãe, após uma série de abusos.
Durante a audiência realizada virtualmente, o pai da jovem negou estar respondendo a qualquer processo judicial, mas admitiu ser investigado por abusos feitos contra a filha. Essa informação, sem relação direta com o caso de estupro, foi utilizada pela defesa dos PMs, que insistiu na inclusão de sua versão na discussão.
A jovem, após ser agredida pelos PMs, conseguiu escapar e procurou ajuda na delegacia, ainda visivelmente abalada. Policiais civis acionaram uma ambulância que a levou a uma unidade de saúde, onde recebeu atendimento e posteriormente foi reunida com seus familiares, para os quais descreveu o ocorrido.
No meio de toda essa confusão, o clamor da vítima por justiça ganha destaque. Os áudios compartilhados revelam a indignação da jovem e, conforme o caso avança, questões sobre responsabilidade e abuso de poder emergem como temas centrais.
O Metrópoles seguirá acompanhando este caso, que desperta tanto interesse quanto indignação na sociedade, destacando a importância de se ouvir as vozes das vítimas e a necessidade de responsabilizar os envolvidos.