Tarifa de 50% de Trump Pode Afetar Indústria de Armas no Brasil
A recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre importações do Brasil terá consequências diretas para a indústria de armamentos brasileira. Um levantamento do Metrópoles revela que, em 2024, o mercado americano absorveu impressionantes 61,3% das exportações brasileiras deste segmento.
De acordo com dados da plataforma Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil vendeu US$ 528 milhões em produtos da categoria “armas e munições; suas partes e acessórios” no último ano. Deste total, US$ 323 milhões foram destinados aos EUA. Por outro lado, o Brasil importou apenas US$ 17,6 milhões em armamentos dos Estados Unidos, evidenciando uma balança comercial bastante favorável ao Brasil neste setor. Isso significa que o país vende para os americanos 18 vezes mais do que compra.
Além disso, o volume de exportações de armas para os EUA supera em 11 vezes os US$ 27 milhões que o Brasil enviou para os Emirados Árabes Unidos, que ocupa a segunda posição entre os parceiros comerciais nesse segmento.
Guerra Comercial e Reações Políticas
A imposição de tarifas por Trump não é uma novidade. Desde o início de seu governo, o presidente americano tem ameaçado o mundo com ações protecionistas, dedicando especial atenção a países do grupo BRICS, incluindo o Brasil. Recentemente, Trump expressou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que enfrenta um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta tentativa de golpe de Estado.
No dia 9 de julho, o presidente dos EUA anunciou a nova taxa de 50% sobre produtos brasileiros, gerando reações nas redes sociais e levando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a responsabilizar Bolsonaro pela situação. Fontes do MDIC indicam que, embora a taxação de Trump tenha potencial para afetar a indústria de armamentos no Brasil, ainda não é possível determinar a extensão desse impacto. A falta de clareza da Casa Branca em relação aos detalhes da tarifa foi apontada como um entrave para análises mais profundas.
Resposta do Brasil: Lei da Reciprocidade
No intuito de enfrentar a tarifa imposta por Trump, o presidente Lula afirmou que o Brasil utilizará a Lei da Reciprocidade Econômica. Essa legislação, que foi aprovada pelo Congresso Nacional em resposta às tarifas iniciais da administração Trump, foi sancionada por Lula em 14 de abril. “Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da lei brasileira de reciprocidade econômica. A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, destacou o presidente.