Mercados reagem à nova tarifa de 50%
A abertura do mercado nesta quinta-feira (10) trouxe uma alta expressiva do dólar, que chegou a 2%, antes de reduzir seus ganhos. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, seguia com um viés negativo, refletindo as preocupações dos investidores sobre os impactos das tarifas de 50% que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou sobre produtos brasileiros. Às 10h47, o Ibovespa caiu 0,80%, fixando-se em 136.377,52 pontos.
No mesmo momento, o dólar, que havia atingido R$ 5,60, começou a mostrar sinais de estabilidade após a abrupta valorização inicial. A medida de Trump foi comunicada em uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi divulgada após o fechamento dos mercados na quarta-feira. Nela, Trump associou a tarifa ao tratamento que recebeu do ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmou que a implementação se daria em 1º de agosto.
tarifas e investigações comerciais
Além da tarifa, Trump mencionou que instruiu o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, a investigar práticas comerciais que ele considera injustas por parte do Brasil. É importante lembrar que os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, logo atrás da China. Essa nova tarifa representa um aumento considerável em relação aos 10% que já haviam sido anunciados em abril.
Em resposta à medida, Lula afirmou que quaisquer ações unilaterais do governo americano seriam tratadas com reciprocidade, reforçando a soberania do Brasil e suas instituições. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, disse Lula, enfatizando que o país reagirá às tarifas impostas.
Impactos no mercado e expectativas de analistas
A reação do mercado foi imediata e intensa, com uma venda acentuada do real, à medida que os investidores se mostravam preocupados com as consequências econômicas da nova tarifa. “O maior impacto dessa rodada de tarifas não está apenas no comércio, mas também na deterioração do ambiente econômico e nas relações históricas entre os dois países”, afirmaram analistas do BTG Pactual em um relatório recente.
No dia anterior, o mercado já havia sentido o efeito da possível tarifa, especialmente após Trump sinalizar que tomaria medidas rigorosas em relação ao Brasil, embora não tenha especificado os detalhes. O dólar à vista fechou o pregão anterior a R$ 5,50359, com uma alta de 1,05%.
Condições globais e o cenário econômico
No âmbito global, o foco dos investidores se concentrava na política comercial dos Estados Unidos. Contudo, o sentimento geral era de otimismo, visto que Trump também está endereçando tarifas para países menores. Na quarta-feira, ele enviou cartas tarifárias a sete nações, incluindo Argélia, Iraque, Líbia, Sri Lanka e Filipinas.
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Além disso, notícias sobre avanços nas negociações tarifárias com outros parceiros comerciais geravam esperança de que uma guerra comercial total pudesse ser evitada antes do dia 1º de agosto, quando as tarifas anunciadas anteriormente por Trump devem entrar em vigor. Maros Sefcovic, chefe de comércio da União Europeia, expressou otimismo sobre um acordo comercial com os EUA nos “próximos dias”.
Inflação e dados econômicos
Enquanto isso, o índice do dólar, que avalia a moeda norte-americana em relação a um conjunto de seis divisas, aumentava 0,27%, perfazendo 97,645. Com relação à inflação, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reportou que o IPCA teve uma alta de 0,24% em junho, ligeiramente abaixo dos 0,26% de maio. Assim, a taxa acumulada nos últimos 12 meses subiu para 5,35%, ultrapassando a meta contínua de 3,0% estabelecida pelo Banco Central. A nova meta, implementada a partir deste ano, exige que o Banco Central se explique ao governo caso não consiga cumprir a meta por seis meses consecutivos.