BRASÍLIA – O banco central do Brasil anunciou, nesta quarta-feira, um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa selic, que agora se estabelece em 15,00% ao ano. Esta decisão marca a sétima elevação consecutiva da taxa de juros e indica uma possível interrupção no ciclo de alta, com a expectativa de que a selic permaneça neste patamar por um “período bastante prolongado”.
Em um comunicado oficial, o Comitê de Política Monetária (copom) do banco central destacou que a interrupção prevista para o ciclo de aumentos será baseada na confirmação do cenário econômico atual. O BC deixou claro que não hesitará em reajustar a selic caso a situação econômica exija. O Comitê enfatizou sua vigilância constante e a disposição para ajustar a política monetária conforme necessário, reafirmando seu compromisso com a estabilidade econômica do país.
A decisão do banco central contrasta com as previsões de mercado, onde uma pesquisa realizada pela Reuters revelou que 27 dos 39 economistas consultados entre os dias 9 e 12 de junho acreditavam que a taxa selic seria mantida em 14,75% neste mês. Entretanto, as movimentações no mercado financeiro mostravam uma expectativa crescente de que um aumento adicional de 0,25 ponto percentual poderia ser anunciado, evidenciando a volatilidade e as incertezas que permeiam o cenário econômico atual.
Segundo a equipe diretiva do banco central, a interrupção no ciclo de aumento da taxa de juros na próxima reunião, marcada para julho, terá como objetivo avaliar os efeitos acumulados das elevações já implementadas. Essa análise buscará determinar se o nível atual da selic, que deve ser mantido por um período prolongado, é suficiente para garantir que a inflação convirja para a meta estipulada.
Com essa nova elevação, os juros básicos atingem o maior nível em quase duas décadas, o que representa a taxa selic mais alta desde julho de 2006, durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva. O ciclo de aperto monetário, iniciado em setembro do ano passado, resultou em um acréscimo de 4,5 pontos percentuais na selic, sendo conduzido sob a presidência de Gabriel Galípolo, que foi nomeado por lula em janeiro.
O comunicado do banco central também ressaltou que os indicadores de atividade econômica ainda mostram um certo dinamismo, embora haja uma moderação no crescimento. Ao mesmo tempo, a inflação permanece acima da meta, o que continua a ser uma preocupação central para a autarquia. A instituição não fez mudanças significativas em sua avaliação dos riscos associados à trajetória da inflação, indicando que as chances de altas e baixas nos preços continuam mais elevadas do que o habitual.
As expectativas do mercado em relação à inflação também demonstram um certo desvio, o que é motivo de preocupação para o banco central. No boletim Focus, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (ipca) de 2025 foi revisada para baixo, passando de 5,53% antes da reunião do copom em maio para 5,25% nesta semana. Para 2026, que é o foco do horizonte de atuação do banco central, as expectativas de inflação caíram de 4,51% para 4,50%, enquanto a projeção para 2027 permaneceu inalterada em 4,00%.
Em relação às projeções de inflação, o banco central revisou suas estimativas para este ano, aumentando a expectativa de 4,8% para 4,9%, levando em consideração um cenário de referência que se alinha com as projeções do mercado sobre a taxa de juros. Para o final de 2026, a projeção foi mantida em 3,6%.
Para fundamentar as projeções divulgadas nesta quarta-feira, o copom considerou uma taxa de câmbio inicial de R$5,60, que é inferior à taxa de R$5,70 utilizada na reunião anterior de maio. A meta de inflação estabelecida para o ano corrente e os anos subsequentes é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, reforçando o compromisso do banco central com a estabilidade econômica e o controle da inflação.