Dois irmãos brasileiros, Guilherme Serrano, de 11 anos, e Luca Serrano, de 8, estão enfrentando uma situação angustiante no Reino Unido. Apesar de seus pais possuírem a documentação necessária para residir legalmente no país, a família recebeu uma ordem de deportação que determina que os meninos devem retornar ao Brasil sem a companhia dos adultos. Essa decisão foi tomada pelo Ministério do Interior, a entidade responsável pela imigração no Reino Unido, que justificou a medida com base em recentes alterações no status migratório da família.
Desde pequenos, Guilherme e Luca vivem na Inglaterra com a mãe, Ana Luiza Cabral Gouveia, que é enfermeira no NHS, e com o pai, Hugo Barbosa, professor universitário na área de ciência da computação. A situação se tornou ainda mais complicada após o divórcio dos pais, que ocorreu alguns anos após a chegada da família ao Reino Unido. Após a separação, Ana Luiza conseguiu um novo visto de trabalho qualificado em 2022, mas ainda não obteve o direito à residência permanente, ao contrário de Hugo, que conquistou esse status em 2024. De acordo com as regras de imigração britânicas, ambos os pais devem estar estabelecidos de forma permanente ou um deles deve ter a guarda total das crianças, o que não é o caso, já que ambos compartilham a responsabilidade pela criação dos filhos.
A carta enviada pelo governo britânico ao casal traz preocupações significativas. Nela, é informado que, caso os meninos permaneçam no país, eles podem enfrentar uma série de complicações legais, como restrições em relação à moradia, trabalho e até mesmo a possibilidade de perder o direito de dirigir no futuro. Ana Luiza expressou sua surpresa e indignação com a situação, afirmando que nunca imaginou receber uma comunicação desse tipo do Ministério do Interior. Ela enfatizou que, desde sua chegada ao Reino Unido em 2019, sempre atuou de maneira correta, pagando impostos e contribuindo para o sistema de saúde britânico.
Hugo também destacou a gravidade do impacto emocional que a deportação teria sobre os filhos. Ele ressaltou que, embora Guilherme e Luca sejam brasileiros, eles não têm habilidade com a língua portuguesa, o que tornaria o retorno ao Brasil ainda mais desafiador. Para ele, a decisão do governo parece ignorar o bem-estar das crianças, que já estão lidando com a ansiedade gerada pela incerteza sobre seu futuro. “O Ministério está dizendo: ‘Vamos simplesmente expulsar duas crianças felizes e saudáveis do Reino Unido.’ Isso abalará completamente a estabilidade emocional e social delas”, afirmou Hugo.
A carta de recusa enviada a Guilherme menciona que não há razões “sérias ou imperiosas” que justifiquem a permanência dos meninos no Reino Unido e sugere que eles poderiam continuar seus estudos em uma escola de língua inglesa no Brasil, minimizando o impacto na vida familiar. No entanto, essa avaliação ignora as conquistas educativas que as crianças já alcançaram no Reino Unido, como a confirmação de vaga em uma escola seletiva para Guilherme, que pode ser perdida caso a família seja obrigada a retornar ao Brasil.
Atualmente, Guilherme e Luca estão prestes a completar sete anos de residência no Reino Unido, um período que os tornaria elegíveis para solicitar a residência permanente, independentemente do status migratório de seus pais. Enquanto isso, a família está lutando para reverter a decisão do governo e apela para que as autoridades considerem seu histórico de contribuição para o sistema público de saúde e educação britânica. O futuro dos meninos permanece incerto, mas a família continua a buscar uma solução que garanta a estabilidade e o bem-estar das crianças, que nunca conheceram o Brasil como seu lar.