O Comitê de Política Monetária (copom) do banco central do Brasil anunciou uma pausa no ciclo de aumento da taxa Selic, a taxa básica de juros do país. Apesar dessa interrupção, a Selic permanecerá em um patamar elevado por um período prolongado, conforme destacado no comunicado oficial emitido na quarta-feira, 18 de junho. Essa decisão reflete uma análise cuidadosa da atual conjuntura econômica, tanto nacional quanto internacional, que influencia diretamente a política monetária do país.
O comunicado do copom detalha os dados econômicos que fundamentaram a decisão de elevar a taxa de juros em 0,25%, estabelecendo a Selic em 15% ao ano, o nível mais alto desde julho de 2006. Essa elevação visa conter a inflação e garantir a estabilidade econômica. No sétimo parágrafo do documento, o copom ressalta que, se o cenário projetado se confirmar, haverá uma interrupção no ciclo de aumento da Selic para avaliar os impactos acumulados das mudanças já implementadas. Essa pausa permitirá ao Comitê considerar se a taxa atual, mantida em um patamar elevado, é suficiente para garantir que a inflação convirja para a meta estabelecida.
No que diz respeito ao cenário internacional, o copom reafirmou a análise de riscos apresentada na reunião anterior, realizada no início de maio. A incerteza econômica global, especialmente em relação às políticas tarifárias do governo dos Estados Unidos, continua a ser uma preocupação significativa. O comunicado destaca que “o ambiente externo se mantém adverso e particularmente incerto”, refletindo as tensões comerciais e as implicações das políticas econômicas adotadas pelos Estados Unidos.
No contexto doméstico, o copom observa que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda mostram algum nível de dinamismo, embora com uma moderação no crescimento. O documento menciona que, nas últimas divulgações, tanto a inflação cheia quanto as medidas subjacentes permanecem acima da meta estabelecida, o que justifica a necessidade de monitoramento contínuo.
A projeção de inflação do copom para o terceiro trimestre de 2026, que é o horizonte relevante para a política monetária atual, foi mantida em 3,6%, o mesmo valor apresentado na reunião de maio. Em comparação, a projeção em março era de 3,9%. O “horizonte relevante” refere-se ao período em que as decisões relacionadas à Selic impactarão significativamente a economia e a inflação. Vale destacar que a meta central para a inflação é de 3%, e a projeção atual, embora ainda acima desse valor, reflete um esforço contínuo para estabilizar a economia.
Os membros do copom, que compõem a diretoria do banco central, também expressaram preocupações sobre os riscos de alta da inflação. Esses riscos incluem a possibilidade de desancoragem das expectativas de inflação por um período mais longo, uma resiliência maior da inflação nos serviços e a combinação de políticas econômicas internas e externas que possam gerar impactos inflacionários superiores ao esperado. Um exemplo disso seria uma taxa de câmbio que se mantenha depreciada por um período prolongado, exercendo pressão sobre os preços.
Por outro lado, o copom também destacou os riscos de baixa da inflação, que são fatores que poderiam levar a uma redução nos índices inflacionários. Entre esses riscos estão uma desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a prevista, uma desaceleração econômica global decorrente de choques comerciais e um cenário de incerteza acentuada, além de uma possível redução nos preços das commodities, que poderia ter efeitos desinflacionários.
Em resumo, o copom sinaliza um momento de cautela em sua política monetária, optando por manter a Selic elevada por um período prolongado enquanto avalia os impactos das decisões anteriores e o comportamento da inflação. O cenário econômico, tanto no Brasil quanto no exterior, exige atenção e ajustes constantes para garantir a estabilidade e o crescimento sustentado da economia nacional.