**caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa em Copacabana Reflete Diversidade e Compromisso com a Justiça Social**
A caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, um evento de grande importância realizado anualmente no Rio de Janeiro, marcou a primeira participação pública da nova ministra dos direitos humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo. Nomeada recentemente, a ministra compareceu à 17ª edição deste ato significativo, que ocorreu neste domingo, dia 15 de setembro, seguindo a tradição de ser realizada no terceiro fim de semana do mês.
Reunindo praticantes de diversas religiões, os participantes da caminhada percorreram a icônica orla da Praia de Copacabana, localizada na zona sul da capital fluminense. Este evento não apenas promove o diálogo inter-religioso, mas também visa levantar vozes contra a intolerância e o racismo, sendo um espaço de reivindicações por paz e harmonia.
A ministra Evaristo, durante seu discurso, destacou a importância da caminhada, afirmando que “o grande desafio atual em nosso país é a redução das desigualdades sociais”. Ela enfatizou que, embora o direito à liberdade religiosa seja um tema central do evento, os participantes também defendem outras causas fundamentais, como a erradicação da fome e a busca por empregos dignos. A gestão do cuidado, especialmente em relação às crianças e à população idosa, foi apontada como uma prioridade em suas comunidades. Evaristo destacou que “cuidar é uma responsabilidade, muitas vezes, das mulheres, que enfrentam desafios diários”.
A nova titular da pasta é uma experiente deputada estadual da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e assume a posição em substituição a silvio almeida, que foi exonerado diante de alegações de assédio. Enquanto investigações estão em curso, Evaristo traz consigo uma trajetória profissional sólida, especialmente na área da educação. Em sua fala, ela compartilhou sua experiência de 20 anos como professora em escolas públicas, trabalhando em comunidades vulneráveis de Belo Horizonte, a capital mineira. “Acredito que temos muito trabalho pela frente e a necessidade de construir uma agenda clara e estratégias efetivas para realizarmos mudanças significativas nas comunidades”, ressaltou.
A organização da caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa é coordenada por duas entidades principais: o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) e a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR). O Ceap tem atuado desde 1989 na promoção da cultura negra e no combate à intolerância religiosa, enquanto a CCIR, fundada em 2008, é composta por representantes de uma gama diversificada de crenças, desde os umbandistas e candomblecistas até outras tradições religiosas.
Nesta edição, Ivanir dos Santos, babalawô e representante da CCIR, expressou a importância da presença da nova ministra, ressaltando que, desde o início, a caminhada tem como objetivo promover a defesa da democracia, da liberdade religiosa e dos direitos humanos. “Precisamos interromper o crescimento da intolerância, que é alimentada por racismo, homofobia e misoginia. A fé deve ser um cimento que une as pessoas, e não o que as separa”, disse Ivanir.
Os participantes da caminhada começaram a se concentrar no posto 5 de Copacabana, começando a marcha pela orla por volta das 13h. Durante o evento, houve uma homenagem a Darci da Penha, uma professora e membro dos Agentes de Pastoral Negros, que faleceu em maio deste ano. A homenagem a líderes religiosos que lutaram pela paz é uma tradição do evento, e no ano passado, o tributo foi dedicado à líder quilombola Mãe Bernadete, cujo assassinato em 2022 mobilizou a comunidade em busca de justiça.
Apesar da diversidade, a maioria dos participantes se identificou com religiões de matriz africana. A programação da caminhada incluiu apresentações culturais representando uma ampla gama de crenças, como umbanda e candomblé, além de religiões católicas e evangélicas. Caravanas de outros estados também se juntaram ao ato, que contou com a presença de representantes de credos menos populares no Brasil, como budismo, judaísmo, islamismo e religiões neopagãs.
Andressa Oliveira, uma evangélica e líder do Movimento Negro Evangélico, compartilhou sua perspectiva sobre a caminhada, descrevendo-a como uma “aula de harmonia e respeito”. Ela destacou a conexão entre o movimento evangélico e as lutas contra a intolerância religiosa, principalmente em um país onde praticantes de religiões de matriz africana enfrentam desafios significativos. “Compreender nossas raízes e aprender a combater o racismo a partir da visão evangélica é essencial para promover a tolerância”, concluiu.
A caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa continua sendo um importante espaço de luta e celebração pela diversidade religiosa no Brasil, reforçando a necessidade de respeito, equidade e justiça social.